Por requerimento do Chega debateu-se hoje a imigração na Assembleia da República. O partido de extrema-direita não fugiu ao seu estilo e esgrimiu, mais uma vez, um rol de argumentos xenófobos que somente visam dividir os trabalhadores.
O pontapé de saída do debate foi dado pela ex-deputada do PAN, agora deputada do Chega, Cristina Rodrigues, que colocou como necessidade urgente a suspensão de vistos por dificuldades na Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) e não o reforço deste serviço.
Esta, foi no entanto, a linha geral de todo o discurso da deputada. Assumindo problemas que realmente existem e são transversais a todos os trabalhadores, como é o caso dos baixos salários ou problemas da Habitação, o Chega colocou a tónica, não na resolução destes problemas, mas na penalização dos imigrantes.
Já no fim da sua intervenção, o partido de Cristina Rodrigues disse ao que veio e propôs dificultar ainda mais os vistos de trabalho, sabendo que o patronato continuará a recorrer aos imigrantes e, desta forma, caso a proposta do Chega passasse, iria somente alimentar as redes de tráfico humano e a intensificação da exploração dessas pessoas.
António Filipe do PCP foi o primeiro deputado a desmascarar a «hipocrisia», como apelidou, do partido de extrema-direita. No seu pedido de esclarecimento o comunista demonstrou, de forma simples, as contradições do Chega relativamente à imigração.
«O Chega reconhece que o país precisa de imigrantes, mas depois acusa-os de invadir as nossas cidades. Reconhece que há em Portugal muito trabalho para os imigrantes, mas depois acusa-os de não trabalhar. Reconhece que os descontos dos imigrantes são muito importantes para a sustentabilidade da segurança social, mas depois acusa-os de ter benefícios sem descontar», começou António Filipe por caracterizar.
O deputado comunista não se ficou por aqui e, acusando o Chega de ter um «discurso mentiroso», afirmou que o mesmo quer «portas fechadas para a imigração legal mesmo sabendo que isso escancara as portas à imigração ilegal». António Filipe disse ainda que o Chega «quer é que os imigrantes que não são ricos e que vêm para cá para trabalhar para ganhar a vida, trabalhem com baixos salários, sem horários, sem direitos, sem habitação condigna porque não a podem pagar, sejam invisíveis e que permaneçam ilegais e sujeitos a todo o tipo de discriminações».
O deputado mais antigo da Assembleia da República nesta legislatura concluiu reiterando a ideia base de que «o Chega não é contra os estrangeiros, se forem ricos. É contra os estrangeiros que sejam pobres e trabalhadores, para alimentar o seu discurso de virar trabalhadores contra trabalhadores e de pôr pobres a invejar outros pobres».
Por ter tocado num ponto sensível, como é hábito, na bancada da extrema-direita houve muita agitação, sendo que face a tal, Aguiar Branco só pediu para que os tempos de intervenção fossem respeitados.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui