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Contas oficiais dos CTT revelam saque e destruição

Contrário à propaganda da administração, os dados oficiais das contas de 2018 dos CTT revelam um futuro sombrio para a ex-empresa pública: lucros em queda, condições de trabalho piores e a destruição do serviço público postal.

Francisco Lacerda, presidente dos CTT, acompanhado pelo ministro da Economia Pires de Lima e pelo secretário de Estado das Comunicações, Sérgio Monteiro, na sessão de entrada em bolsa dos CTT
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Depois da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) ter, no passado dia 19 de Fevereiro, acusado a administração dos CTT de divulgarem «informação enganosa» sobre o número de reclamações pelos consumidores, um olhar mais cuidados sobre as contas não deixam a gestão privada em bons lençóis.

Nos documentos, a administração dos CTT apresenta resultados líquidos de 19,6 milhões de euros, inferiores aos de de 2017 (27,3 milhões). Um resultado que está muito aquém dos lucros que a empresa tinha sob alçada do Estado, sobretudo tendo em conta que o actual valor só foi possível graças à alienação de património (cerca de 10 milhões).

A justificação da empresa para tal são os «custos avultados com indemnizações» a trabalhadores, decorrentes das «saídas amigáveis» promovidas pela administração, que já levaram à saída de centenas de funcionários dos correiros.

Cinco anos após ter sido privatizada pelo governo PSD e CDS-PP, o Banco CTT continua a pressionar as contas, fazendo crescer o prejuízo após este ter incorporado o lucrativo PayPal, que foram retirados aos serviços financeiros da empresa de correios (representavam 18,1 milhões de euros).

No plano laboral, os CTT gastam cada vez menos com os trabalhadores (tirando as indemnizações das saídas), com as despesas recorrentes com os funcionários a baixarem de 340,1 para 332,9 milhões de euros. Por outro lado, a precariedade tem crescido substancialmente, sendo que, em 2018, a empresa tem menos 238 trabalhadores efectivos e mais 172 trabalhadores com vínculos precários.

Já os rendimentos operacionais estruturantes da empresa continuam a ser o Correio (531,9 milhões, mais 4,4 que em 2017) e o Expresso e Encomendas (151,2 milhões, mais 16,6 que em 2017), que foram apoiadas pelo aumento dos preços para utentes, justificada pela empresa com uma suposta perda de fiabilidade do serviço postal.

Conforme têm denunciado trabalhadores e comissões de utentes, a gestão privada dos CTT não é positiva. De facto, está a destruir o serviço público postal, com o tempo e os atrasos nas entregas a crescer, em paralelo à diminuição do número de estações de correios pelo País, num total de 84, sendo que o número de concelhos sem uma única estação vai aumentar para 48 em 2019.

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