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Cotrim e os salários das grandes empresas em Portugal

Compara-se o que não é comparável para se poder concluir aquilo que se pretende concluir. Seria certamente mais útil questionar porque razão as grandes empresas dominadas por capitais estrangeiros pagam muito menos aos seus trabalhadores em Portugal do que nos seus países de origem.

CréditosManuel de Almeida / Agência Lusa

A afirmação de João Cotrim, de que as grandes empresas são as que melhor pagam em Portugal, o que o Polígrafo veio logo corroborar, tendo por base o estudo intitulado «Análise prospectiva do impacto do crescimento das grandes empresas em Portugal» realizado pelo investigador Bruno  Damásio para a Associação Business Roundtable Portugal (ABRP) tem muito que se lhe diga e é de um simplismo atroz que só lembra mesmo ao Polígrafo e aos seus amigos da Iniciativa Liberal. Estes últimos que tão preocupados estão com o baixo nível salarial dos trabalhadores no nosso país, nem sequer fazem qualquer referência a ele no seu programa eleitoral para as eleições do próximo dia 9 de Junho.     

O estudo efectuado pelo Bruno Damásio, tendo por base o Sistema de Contas Integradas das Empresas (SCIE) e os quadros de Pessoal do MTSS, tira essa conclusão porque se limita a dividir o total dos gastos com pessoal do universo das grandes empresas existentes no nosso país em 2019, pelo n.º total do pessoal ao serviço destas empresas, obtendo assim os gastos com pessoal per capita

Ora, concluir a partir destes valores que, como diz o Polígrafo, e cito, «Ao nível salarial, foram as grandes empresas que mais gastaram com os seus trabalhadores, sendo que, em média, foram gastos cerca de 31 mil euros por cada colaborador, o que significa que uma grande empresa gastou mais 30% do que uma empresa média e mais 70% do que uma empresa pequena», é de um enorme simplismo já que para além de se usar como unidade de medida, a média, que se limita a dividir o n.º total de pessoal ao serviço em cada tipo de empresas (micro, pequenas, médias e grandes) pelo respectivo n.º de empresas, esquecer ainda as questões  fundamentais que se prendem com a estrutura do emprego existente em cada tipo de empresas, o peso considerável que nas grandes empresas têm os gastos com a estrutura directiva e em particular os Conselhos de Administração e por fim a quase completa externalização que se faz nas grandes empresas das profissões menos qualificadas (pessoal auxiliar, administrativo, operário) que fazem hoje parte do seu chamado outsourcing.

Compara-se o que não é comparável para se poder concluir aquilo que se pretende concluir, quando seria certamente mais útil questionar as grandes empresas dominadas por capitais estrangeiros (1/3 do total) – porque razão pagam comparativamente muito menos aos seus trabalhadores em Portugal do que nos seus países de origem, ou porque razão trabalhadores das grandes empresas são remunerados em Portugal muito abaixo daquilo que recebem nos outros países da União Europeia, os trabalhadores que exercem funções idênticas.

Uma nota mais em relação às comparações efectuadas no estudo citado pelo Polígrafo, entre os salários pagos nas grandes empresas e nas restantes: para além dessa comparação não fazer sentido pelo que atrás referimos, a consulta dos dados do Sistema de Contas Integradas das Empresas, publicados pelo INE para o ano considerado de 2019, mostra-nos mesmo assim que esses cálculos estão errados e que em média os gastos com pessoal per capita nas grandes empresas nesse mesmo ano de 2019 era, em relação às médias empresas, 5% superior e não 30%, e em relação às pequenas empresas era 29% superior e não 70%, como é referido.  Para confirmar estes mesmos dados basta consultar o anexo estatístico com os indicadores económicos das empresas não financeiras em Portugal para o período 2008-2022, publicado pelo INE em 15 de Dezembro de 2023. 

Posto isto, apetece perguntar se a verdade informativa a que todos os portugueses têm direito terá de continuar dependente de um Polígrafo que crescentemente os engana, da criação de um Super Polígrafo que possa questionar as verdades do Polígrafo e assim sucessivamente, ou, se não têm os portugueses direito a uma educação e formação integral que lhes permita em cada momento distinguir a verdade da mentira em termos informativos, e não só.

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