«Precisamos de menos pobreza, a pobreza, nos dois milhões de portugueses, é um problema de fundo estrutural que a democracia não conseguiu resolver», afirmou o Presidente da República na sua mensagem de Ano Novo. Aliás, a pobreza tem sido um tema recorrente nas intervenções presidenciais.
Ora aí está a «resposta» habitual para o problema: novos aumentos dos preços, nomeadamente do pão, leite, café, ovos, carne, rendas, medicamentos, telecomunicações, seguros e transportes. O nível médio dos preços subiu cerca de 16% em relação a 2021.
Tratam-se de aumentos que se somam aos dos anos anteriores, sempre com as estafadas justificações do alegado problema da produtividade e do aumento dos custos de produção. Em sentido contrário, a realidade é uma continuada e crescente acumulação de lucros, conforme, por exemplo, o volume de lucros dos principais 19 grupos económicos: 32 milhões de euros de lucros por dia, com destaque para a banca.
O que essa realidade nos mostra é um País com aproximadamente dois milhões de pessoas, incluindo 300 mil crianças, a viverem abaixo do limiar da pobreza, um País em que um milhão de reformados têm pensões abaixo de 510 euros. É a estes que se dirigem os discursos da pobreza, mas as políticas prosseguidas por este Governo, essas, são feitas à medida daqueles que mais têm e mais podem, os do costume.
Em 2025, urgente e necessário era que, em vez da distribuição de milhares de milhões de euros em dividendos aos accionistas das grandes empresas, se promovessem aumentos salariais dignos, bem como das reformas e pensões. Mas também se garantisse a regulação dos preços de serviços essenciais, como as telecomunicações ou a energia, com a aplicação da taxa reduzida do IVA nas despesas da luz, gás, internet e bens alimentares essenciais, para além da descida significativa das prestações e das rendas.
As palavras sobre a pobreza, por melhor que soem, não passarão de isso mesmo, enquanto andarem de costas voltadas com as práticas políticas, nomeadamente com as leis que se aprovam e promulgam!
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