|Correios

CTT: Trabalhadores de Santarém suspendem greve

Os trabalhadores do Centro de Distribuição Postal de Santarém suspenderam a greve parcial em curso, na sequência de a administração dos CTT ter cedido a uma parte substancial das suas reivindicações.

A gestão dos Correios encerra a estações «a eito, porque os que ali vivem são poucos e, aparentemente, tão pobres que nem um balcão do Banco CTT merecem», reclama o SNTCT.
Créditos / Dinheiro Vivo

Segundo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN), a decisão dos trabalhadores do Centro de Distribuição Postal (CDP) de Santarém de suspender a greve que efectuaram durante 12 dias, em defesa da contratação de mais trabalhadores, possibilitando a marcação de férias sem prejuízo da qualidade do serviço postal, tem efeito a partir desta quarta-feira.

Entretanto, o SNTCT sublinha que, fruto da sua intervenção e da «acção dos trabalhadores e da comunicação social regional e local», hoje estão no CDP de Santarém dois auditores dos CTT e três elementos da ANACOM», que podem assim validar as justas queixas dos trabalhadores e as implicações na operação postal das «poupanças» impostas pela administração.

|

CTT continuam a encerrar centros de distribuição postal

A estratégia de destruição da rede postal nacional passa agora pelo fecho e concentração dos centros de distribuição. Na próxima semana devem encerrar os de Vilar Formoso, Sabugal e Monchique.

Os CTT, uma empresa pública rentável para as contas do Estado, foram privatizados em 2013 e 2014 pelo governo do PSD e CDS-PP
CréditosBruno Almeida

A próxima segunda-feira, 25 de Janeiro, é a data prevista para o encerramento dos centros de distribuição postal (CDP) de Vilar Formoso e Sabugal, no distrito da Guarda, e de Monchique, no Algarve.

A estratégia de encerramento dos CDP – locais onde a correspondência é concentrada para ser posteriormente distribuída pelos carteiros nos seus giros –, com base em razões economicistas, tem contado com a cumplicidade do Governo e dos partidos que, na Assembleia da República, insistem em defender a gestão privada dos CTT, nomeadamente PS, PSD, CDS-PP, Iniciativa Liberal e Chega. Mas também de eleitos autárquicos do PS e do PSD, que apenas se têm pronunciado quando se vêem confrontados com encerramentos nos respectivos municípios. 

Entretanto, há consequências negativas para trabalhadores e utentes, que desde o processo de privatização têm criticado a degradação do serviço e reivindicado o seu regresso à esfera pública. O aumento da distância a percorrer pelos trabalhadores é uma das mais visíveis, dessa forma atrasando ainda mais a distribuição postal.

A par da degradação das condições para os utentes, que passam a receber mais tarde a sua correspondência, degradam-se condições de trabalho e remuneratórias, havendo um aumento do tempo e da distância a percorrer nas deslocações de casa para o CDP, e deste para os locais onde se realizam os giros.

O fecho de centros de distribuição em regiões do Interior, como são os casos de Vilar Formoso e do Sabugal (que passam a estar concentrados na Guarda) é mais um contributo para o longo processo de desertificação, abandonando as regiões menos densamente povoadas.

A situação é agravada no quadro da pandemia, visto que a concentração de trabalhadores em espaços menores contribui para aumentar o risco que já enfrentam para manter o serviço postal a funcionar. 

Somar distâncias e deslocações. E o ambiente?

Enquanto suspendia o processo de encerramento das estações de correio, perante a forte luta das populações, a administração dos CTT deu lume ao processo de concentração dos CDP.

Desde o passado mês de Setembro, foram encerrados os centros de Montemor-o-Velho e de Condeixa-a-Nova, que passaram a estar concentrados em Coimbra, e também os de Nisa, Mação e Idanha-a-Nova, que transitaram para a sede de distrito (Castelo Branco). Desde então, também o CDP de São João da Pesqueira (Viseu) fechou portas, e o trabalho concentrado em Alijó, no distrito de Vila Real, a uma distância de cerca de 40 quilómetros.  

Refira-se que, nos casos de Montemor-o-Velho e de Condeixa-a-Nova, a estratégia economicista de concentrar serviços já lhes tinha agregado os CDP de Soure e de Penela, respectivamente. Antes destes, foram encerrados CDP, um pouco por todo o País, designadamente nas localidades de Celorico da Beira, Almeirim, Alter do Chão, Monforte e Avis.

Relativamente aos que têm fecho anunciado para a próxima segunda-feira, o CDP de Monchique será concentrado em Portimão, prevendo-se um aumento mensal da distância percorrida de 3300 quilómetros. No caso dos CDP de Vilar Formoso e do Sabugal, que passam a estar concentrados na Guarda, o aumento da distância mensal percorrida é de mais de 10 500 quilómetros. 

Aos milhares de quilómetros a mais que os trabalhadores passam a ter de percorrer, além do incremento da penosidade associada à profissão de carteiro, associa-se a questão ambiental, sempre invocada pelo Governo, mas apenas quando é para liquidar o aparelho produtivo nacional

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

A administração dos CTT, para além de não ter aumentado os salários dos trabalhadores e ter distribuído pelos accionistas cerca de 12,45 milhões de euros em dividendos, tem vindo a preparar o terreno no sentido de transformar a renovação da concessão do serviço público postal numa oportunidade para alterar as regras da concessão. Ou seja, pretende passar a receber uma compensação do Estado pelo serviço público postal e ficar sujeita a menores exigências de qualidade, nomeadamente em relação ao tempo entre a recepção e a entrega do correio, o que lhe permitiria uma ainda maior redução do número de trabalhadores.

Desta feita, o Estado passaria a pagar por um serviço, que antes da privatização lhe dava lucro, em troca de pior qualidade de serviço.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui