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O secretário-geral do PCP desafiou o Governo a gastar tanto na floresta como se gastou com os bancos privados

Dinheiro para salvar bancos pagava 700 anos de sapadores florestais

Os desmandos da banca privada custaram, desde 2008, quase 15 mil milhões de euros públicos. Este valor permitia pagar 500 equipas de sapadores florestais durante 700 anos.

Durante o anterior governo não foi constituída qualquer nova equipa de sapadores florestais.
CréditosNuno André Ferreira / Agência LUSA

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, lançou ontem o repto ao primeiro-ministro durante o debate quinzenal: deixar de pôr o défice à frente das necessidades do País e gastar tanto como se gastou a salvar bancos privados na floresta.

Desde 2008, o Estado já injectou na banca privada mais de 20 mil milhões de euros e o resultado, consumado ontem, é que nenhuma das instituições beneficiárias está sob controlo público. A lista de siglas é longa: BPN, BPP, BPI, BCP, BES, Banif.

Tendo em conta que parte do dinheiro foi emprestado – porque também foi para salvar a banca privada que a troika foi imposta aos portugueses – e que parte desse já foi recuperado, o saldo entre o deve e o haver é de 14,25 mil milhões de euros. Foi este o valor que usámos para perceber o que teria sido possível fazer na floresta se os últimos governos, em vez de salvar bancos, lhe tivessem dedicado este valor.

Usando como referência o valor, estabelecido em Janeiro, de 40 mil euros por seis meses de trabalho, os gastos com a banca pagavam 500 equipas de sapadores florestais, o objectivo traçado para 2019, durante 700 anos. Desde 2009 e até Março deste ano, só uma equipa foi constituída, em 2011, ainda antes da entrada em funções do governo em que Cristas assumiu a tutela, pelo município de Grândola.

Se tomarmos em conta apenas o custo da falência do Banif e da entrega do banco ao grupo espanhol Santander – mais de 2 mil milhões de euros –, este valor representa mais de 100 vezes o corte do governo do PSD e do CDS-PP na despesa do Instituto de Conservação da Natureza e da Floresta (ICNF), a quem cabe a gestão das matas nacionais e das áreas protegidas, nas quais arderam mais de 25 mil hectares nos últimos dias.

Estes números reforçam o argumento de que os problemas da floresta portuguesa resultam de anos de desinvestimento público na prevenção dos fogos e na defesa da floresta contra incêndios. Não porque não houvesse dinheiro, mas porque foi canalizado para salvar da falência quem perdeu com a especulação bolsista e com os crimes económicos na banca.

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