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Em época eleitoral o PS dá o dito por não dito sobre excedente orçamental

Depois de Fernando Medina, enquanto ministro das Finanças do Governo PS, ter dito, no passado mês de Outubro, que «é um erro gastar o excedente com a reivindicação do momento», Pedro Nuno Santos diz agora que o excedente será gasto com o povo. Parece que vale tudo em eleições.

CréditosJosé Sena Goulão / Lusa

Não é preciso recuar muito no tempo para ouvir membros do Governo do PS a gabar-se do excedente orçamental e a chamar-lhe «almofada financeira». A verdade é que tal excedente foi alcançado graças à falta de respostas que o PS promoveu. Enquanto os trabalhadores de diversos sectores saiam à rua e exigiam soluções, o Governo optou sempre por ignorar quem lutava.

Casos não faltam para exemplificar isto mesmo. Por altura da discussão do Orçamento do Estado (OE) para 2024, a luta dos professores, dos médicos, das forças de segurança ou de outros trabalhadores da administração pública, estava central na vida do país. Foi neste contexto que Fernando Medina, na apresentação do OE, disse: «É um erro gastar o excedente com a reivindicação do momento».

Este foi o reflexo do Governo de maioria absoluta do PS. Havendo todas as condições para responder aos problemas do país, foi o próprio PS a recusar essas respostas, enquanto dava benesses ao grande capital, como benefícios fiscais em sede de IRC.

Passado uns meses, após a dissolução da Assembleia da República e em plena campanha eleitoral, talvez por fins eleitorais, Pedro Nuno Santos dá o dito por não dito relativamente ao excedente orçamental. Numa acção de campanha nas Caxinas, depois de criticar a AD, o secretário-geral do PS disse: «Conseguimos diminuir a nossa dívida e ter excedente. E a escolha que temos para fazer é se queremos gastar esse excedente com quem não precisa, com os bancos e com as maiores empresas, ou se queremos investir no povo, no Estado social, nos serviços públicos, nos nossos hospitais e escolas».

Parece que o PS quer agora fazer tudo aquilo que podia ter feito e não quis. Talvez seja o facto de ser campanha eleitoral e, como tal, possa parecer que vale tudo. Mas entre promessas de um futuro glorioso e as memórias de um passado nebuloso, a única prova de facto é a realidade vivida e não a realidade que pode nunca chegar. O histórico do PS não é abonatório. 
 

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