O secretário-geral do PCP acusou «os senhores do dinheiro e as forças que os servem» de, a pretexto da epidemia, procurarem «limitar o exercício das liberdades, minar a democracia, dificultar o protesto e proibir a luta social e a acção colectiva nas empresas, no espaço público e nas instituições», alertando para a necessidade de «dar confiança e esperança», combater o medo, a resignação, o conformismo, não aceitando que «o vírus infectasse os direitos, nem que a luta fosse confinada, deixando o grande capital em roda livre».
Perante uma imensa plateia, numa Festa que cheirava a período pré-pandemia, o líder comunista sublinhou a exigência de ampliar a luta dos trabalhadores, perante o grande capital que se reagrupa e reorganiza, nomeadamente através da «articulação das confederações patronais e na acção convergente dos 42 grupos económicos», que, a pretexto da recuperação do País, procuram servir «os seus interesses egoístas».
Para tal, adiantou o secretário-geral comunista, recorrem ao subterfúgio da exigência de reformas estruturais que mais não são do que «severos golpes na vida dos trabalhadores e do povo e da própria democracia, sempre dirigidas à degradação dos salários e direitos, à subversão do regime de pensões e às funções sociais do Estado».
Uma ofensiva mistificadora, sustentada, segundo Jerónimo de Sousa, nas forças políticas «mais retrógradas e reaccionárias, como o PSD e o CDS-PP e seus sucedâneos da Iniciativa Liberal e do Chega», com a complacência do Governo do PS nas suas «opções de defesa das normas gravosas das leis laborais, nas suas escolhas em relação ao Novo Banco, no assistir sem pestanejar a tentativas de despedimentos colectivos e a encerramentos de empresas».
O secretário-geral do PCP reclamou ainda uma viragem na situação do País, designadamente através do aumento geral dos salários para todos os trabalhadores, do combate à precariedade ou à desregulação de horários de trabalho, da defesa e afirmação dos direitos dos trabalhadores e da revogação das normas gravosas da legislação laboral, como a da caducidade, da valorização das pensões e reformas e do indispensável reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), também através da valorização das carreiras e dos salários dos seus profissionais.
No momento em que estão à vista as eleições autárquicas, Jerónimo de Sousa manifestou confiança na ampliação da influência eleitoral de uma CDU que não se esconde «em arranjos de circunstância, nem em falsas listas de independentes», dando a cara pela acção dos seus eleitos e prestando contas do seu trabalho e obra.
«Muitos podem dizer coisas, uns manipulando para iludir os seus verdadeiros objectivos, outros dizendo palavras soltas, mais ou menos sonantes, ontem umas, hoje outras, amanhã outras diferentes, mas que não passam disso, palavras sem projecto, sem organização, sem capacidade de resistir, sem determinação para defender os direitos e avançar», concluiu.
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