O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu, no seu quinto relatório pós-troika, que a economia portuguesa deve crescer mais do que estimava em Setembro. A previsão para 2016 é de 1,3%, mais uma décima do que o previsto pelo Governo no Orçamento do Estado para 2017 (OE2017).
No relatório, é confirmada a trajectória do saldo primário das contas públicas (a diferença entre a despesa e a receita, excluindo os encargos com a dívida), que deve atingir 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, subindo para 2,4% em 2017. Já o peso da dívida é revisto em alta, passando para perto dos 130% do PIB.
Apesar de o FMI assumir implicitamente que o principal problema para as contas públicas do País reside no peso da dívida, e dos juros pagos anualmente, vem pedir no seu relatório medidas adicionais de corte na despesa no valor de quase 740 milhões de euros no próximo ano – um valor que representa menos de 10% do que o Governo estima pagar em juros no OE2017.
Sector financeiro: problema não está nos custos com pessoal, mas o FMI não abandona a receita
Os técnicos do FMI reservaram uma parte da sua avaliação para o sector bancário, para reconhecerem que as brutais reduções nos custos, particularmente com pessoal, levados a cabo pelos bancos nos últimos anos, não resolveram os problemas que se arrastam com activos «tóxicos» que se mantêm nos seus balanços.
Desde 2008, foram perto de 8000 os trabalhadores bancários despedidos e já estão anunciados novos planos de redução de pessoal, como é o caso do Banco Popular. No entanto, o FMI continua a receitar a «redução de custos e aumentos na produtividade» para o sector, de forma a libertar recursos para suportar futuras perdas.
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