O grupo Impala informou os trabalhadores que vão permanecer definitivamente em teletrabalho e que o edifício da sede, propriedade do grupo, está a ser transformado com o objectivo de o rentabilizar, disseram à Lusa fontes da empresa.
As decisões, segundo as mesmas fontes, foram comunicadas numa reunião com os directores das revistas.
Os contratos dos trabalhadores com a Descobrirpress (a nova designação da Impala Editores a partir de 2011) definem o edifício sede da empresa, na zona industrial de Ranholas, perto de Sintra, como o local onde devem prestar o trabalho, sendo que o recurso ao teletrabalho – em que se encontram – deveria ser uma situação temporária, como medida para conter a propagação da Covid-19.
No final de Maio, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) anunciou que tinha sido informado por trabalhadores da Descobrirpress de que o grupo Impala ia avançar com o despedimento colectivo de 54 pessoas, desconhecendo quantos eram jornalistas.
Nessa ocasião a estrutura sindical denunciava que o grupo já estava «a substituir os trabalhadores que serão dispensados por pessoal de uma empresa paralela chamada Win-Worldimpala, que tratava dos conteúdos online do grupo», na qual teriam sido reportadas «condições laborais menos justas e dignas».
O sindicato «questionou a administração do grupo sobre essa opção, que considera altamente questionável e eticamente reprovável», e apelou aos trabalhadores para que constituíssem «órgãos colectivos de representação, para que melhor se possam defender».
«Despedir para ele é como quem bebe copos de água»
Segundo escreveu no Duas Linhas o jornalista Carlos Narciso (ex-trabalhador da Impala), «o patrão da Impala nunca respeitou quem contratava para trabalhar. Despedir para ele é como beber copos de água. Abria e fechava títulos sem se preocupar com o destino dos que lá trabalhavam».
O universo Impala fechou 2016 com 140 milhões de euros de receitas e sete milhões de euros de lucros, mas no ano seguinte já se encontrava em Processo Especial de Revitalização (PER).
O grupo apresenta dívidas de 50 milhões de euros, distribuídos por gráficas, trabalhadores e ex-trabalhadores, fisco, segurança social e figuras públicas que processaram a empresa por conteúdos publicados nas suas revistas.
Segundo o Correio da Manhã, a Descobrirpress avançou com o pedido de um novo PER em Julho, «como resposta a um pedido de insolvência efectuado por uma ex-trabalhadora» a quem a empresa suspendera, em Abril, o pagamento das indemnizações.
De acordo com o avançado por vários mídia, a empresa fez um pedido para aceder ao regime de lay-off, mas este terá sido recusado por haver dívidas à Segurança Social.
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