A greve geral dos jornalistas conta com o apoio do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (SINTTAV) e do Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), que avançaram com um pré-aviso de greve para esta quinta-feira.
Esta jornada de luta resulta de uma realidade que atinge cada vez mais os jornalistas, com baixos salários, despedimentos, ritmos de trabalho acelerados e redacções reduzidas, desregulação de horários de trabalho, vínculos laborais precários e um recurso, cada vez maior, a estágios.
Uma realidade que atinge largos milhares de trabalhadores em geral, mas que, em alguns casos, a comunicação social omite ou não trata devidamente. Uma situação que não é alheia à presença dominante dos grandes grupos económicos nos media, impondo os princípios mercantis e as políticas editoriais que os inspiram, nomeadamente definindo as agendas, os critérios jornalísticos e os conteúdos. A influência do poder dos grupos económicos constitui hoje um elemento essencial no panorama da nossa comunicação social.
Os grupos económicos da comunicação, para além de colocarem os media no centro das suas estratégias políticas, tendem a aplicar os seus métodos habituais caracterizados pela exploração, precariedade, desvalorização de salários, direitos e condições de trabalho.
Na verdade, desde a década de oitenta, assistimos em Portugal à concentração da propriedade e à formação de grandes grupos económicos abrangendo praticamente os mais importante meios de comunicação social, com excepção dos pertencentes ao Estado e à Igreja Católica.
Em qualquer circunstância, os jornalistas não devem esquecer, por um lado, as implicações económicas, políticas e ideológicas inerentes ao seu trabalho e, por outro, que a descaracterização do exercício da sua profissão condiciona e empobrece o serviço que prestam à sociedade.
Nesse sentido, não será despropositado relembrar as proféticas palavras de Mário de Carvalho, há cerca de trinta anos:
«A democracia não está adquirida. A paz não está adquirida. Esta civilização não está adquirida.
Quando, num dia nefasto, aparecer um caudilho carismático a mobilizar turbas infantilizadas, embrutecidas, afeitas às formulações primárias e aos apelos sanguinários, não se admirem.
O jornalismo cão há-de merecer um mundo cão».
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