De acordo com a tradição, que nesta matéria ainda é o que era, eis-nos na reta final de um ciclo de 365 dias, com o ímpeto de fazermos um balanço, mesmo que sumário, do período que agora se conclui.
Para este exercício podemos convocar qualquer condição, pessoal ou profissional, mas desembocamos sempre numa outra, porventura menos visível, mas determinante de todas as demais, ou seja, a de cidadãos de um país e do mundo. É nesta condição que alinho esta reflexão.
Passando um olhar atento sobre 2022, nele encontramos acontecimentos marcantes, dos quais, com rigor e honestidade, não nos podemos desviar.
A pandemia da Covid-19 e as suas centenas de milhares de vítimas mortais constitui um acontecimento, transitado de 2020, que marcou de forma dramática uma significativa parte do mundo. Porém, para além do drama humano provocado por esta emergência sanitária, importa ainda fazer o balanço demográfico, social, económico e político da pandemia, tanto no mundo como no nosso país, sem esquecer as fragilidades, perversidades, desigualdades e aproveitamentos por ela revelados, bem como o extraordinário exemplo de empenho profissional e solidário de muitas profissões e profissionais, tantas vezes com o risco da sua própria segurança e, até, da sua vida.
«Chegados ao final de 2022, a situação do país fala por si.»
A guerra manteve uma constante presença em diversas latitudes do mundo. Na Síria, Sudão, Somália, Afeganistão, Iémen, Moçambique, Iraque, Palestina, Nigéria, República Centro-Africana e na Ucrânia, desenrolam-se ondas irracionais de destruição e de morte, alimentadas pelos interesses geoestratégicos de grandes potências e pela voracidade dos lucros da indústria de armamento.
No plano interno, destaca-se o resultado das eleições legislativas de janeiro de 2022, das quais resultou a maioria absoluta do PS.
Chegados ao final de 2022, a situação do país fala por si. O Serviço Nacional de Saúde apresenta debilidades que estão a pôr em risco o funcionamento e a solidez desta importante conquista da Revolução de Abril; o Sistema de Educação tem milhares de professores precários e sem a justa dignificação da função docente; a inflação e o aumento do custo de vida estão a «comer» os salários e as pensões de milhões de portugueses; a contaminação do ambiente político do país, provocado pela sucessão de casos e casinhos envolvendo membros do Governo, contribui para a degradação da nossa democracia e para a promoção, nomeadamente mediática, dos seus adversários.
«Importa confiar na capacidade de resistir de forma organizada a este inventário de problemas e de debilidades da nossa Democracia, reforçando a intervenção das forças democráticas, dos sindicatos, do movimento associativo, das autarquias, das universidades e dos centros de conhecimento, dos artistas e dos cidadãos em geral [...]»
Estes são apenas alguns exemplos de um país adiado, onde crescem os ricos e cresce também o número de homens e mulheres, velhos e jovens, lançados na pobreza ou no limiar desta.
Às portas de 2023, o que esperar do novo ano?
Para esta pergunta, a resposta de sempre. Importa confiar na capacidade de resistir de forma organizada a este inventário de problemas e de debilidades da nossa Democracia, reforçando a intervenção das forças democráticas, dos sindicatos, do movimento associativo, das autarquias, das universidades e dos centros de conhecimento, dos artistas e dos cidadãos em geral, com propostas de medidas que criem condições para o desenvolvimento do país e para o bem-estar dos trabalhadores e do povo português.
Este é o caminho. A História diz-nos que não há outro, seja em 2023 como em todos os demais anos da nossa vida, individual e coletiva.
Determinação, firmeza de convicções, coragem interventiva, seriedade de propósitos e confiança no presente e no futuro, são palavras que significam formas de estar na sociedade, em Portugal e no mundo. Significam também, projetos de vida, nesta hora de balanço às portas de um novo ano.
Caros leitores, que este seja o vosso plano de ação para os próximos 365 dias.
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