O secretário-geral da NATO visitou recentemente Portugal, no âmbito do seu périplo pelos países membros da Aliança Atlântica com o objectivo de os «convencer» a utilizarem «uma fracção» dos seus orçamentos da «saúde e das pensões de reforma» para investirem em defesa.
Diz Mark Rutte que, «quando se observa o que os países gastam em pensões, no sistema de segurança social e na saúde, basta uma fracção desse gasto» para garantir que o aumento do orçamento militarista possa um valor superior a 2, 3, 4 ou 5%, de que falam alguns.
A verdade é que, enquanto o secretário-geral da NATO se envolve nesta cruzada a favor dos senhores da guerra, que enchem os bolsos com o negócio das armas, em Portugal ficámos a saber, através do relatório intercalar «Portugal, Balanço Social 2024», que pelo menos 900 mil pessoas empregadas estão em situação de pobreza absoluta. Isto é, não conseguem fazer face a necessidades básicas, nomeadamente, alimentação e habitação.
Estes dados intercalares, referentes ao balanço social no país de 2024, revelam ainda que os desempregados (25%) e as famílias com crianças (12,2%) são dos grupos com maior risco de pobreza absoluta.
Entretanto, a banca e os grandes grupos económicos vão destapando os seus lucros pornográficos relativos ao ano transacto. Por exemplo, o BPI anunciou na passada semana lucros de 588 milhões de euros, em 2024, um aumento de cerca de 12% em relação ao ano anterior.Aliás, o presidente do banco espanhol teve a oportunidade de sublinhar que se trata do «maior resultado de sempre».
O contraste não podia ser mais evidente. Enquanto a banca e o capital acumulam lucros, os trabalhadores empobrecem.
É perante este quadro, que assistimos à permeabilidade do Governo PSD/CDS-PP face à chantagem do Secretário-Geral da NATO, de aumento dos gastos militares e de promoção da deriva belicista.
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