Com início dos trabalhos parlamentares de inquérito ao Novo Banco, podem dar-se passos para que venham a ser ainda mais visíveis as responsabilidades políticas que estiveram na base de várias decisões governativas, que levaram à complicada situação financeira do banco.
Desde o processo de resolução, decidido pelo governo de PSD e CDS-PP, passando pela privatização do banco pelas mãos do governo de PS, até ao momento actual, são múltiplas as questões que, politicamente, contribuiram para o actual estado da instituição.
Esta situação está intimamente ligada a todo o complexo processo do BES, e decorre da opção dos vários governos em não assumir a gestão pública do banco. Recorde-se sobre isto, que mesmo o Banco de Portugal tem responsabilidades, uma vez que disse aos portugueses que não haveria custos para o erário público com as soluções encontradas (resolução e privatização), o que não corresponde à realidade.
Veja-se que a situação actual é a de um banco que continua a ser «limpo» através de recursos públicos, mantendo-se privado. Aliás, já está inclusivamente em cima da mesa a possibilidade da sua venda a grupos bancários internacionais.
Neste sentido, esta comissão de inquérito poderá vir a expor diversas responsabilidades políticas que já vêm sendo identificadas, que cabem nomeadamente a administradores e outros decisores no Novo Banco, a diversos governos, ao supervisor e até mesmo às condicionantes impostas pela Comissão Europeia.
Este inquérito poderá ajudar a concluir, que se o Estado paga a «limpeza», então a instituição bancária deveria ser colocada na esfera pública, solução que tem sido defendida sobretudo por partidos à esquerda, como o PCP e o BE.
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