Primeiro surgiram notícias de que Wolfgang Schäuble anunciava um novo programa de «ajuda» financeira, que já estaria decidido. À informação avançada em primeira mão pela Bloomberg, seguiu-se o esclarecimento: isso só acontecerá se Portugal não cumprir as regras europeias.
Ao final do dia de ontem, fonte oficial esclarecia que as palavras do ministro foram apenas um «bom conselho» dirigido a todos os países da zona Euro. Mesmo depois do Orçamento do Estado português para 2016 ter passado pelo visto da Comissão Europeia, Schäuble sobe o tom da ameaça.
A chantagem alemã acompanha a crescente desorientação europeia com os resultados das eleições espanholas e do referendo britânico, assim como com as vozes crescentes de sectores, até aqui alinhados com a inflexível Alemanha, que põem em causa as regras europeias e a aplicação de sanções aos países ibéricos.
As declarações do responsável germânico estão em linha com as posições que, na União Europeia, defende um «endurecimento» na imposição das regras orçamentais. Apesar de ser visto como uma «eminência parda», Schäuble é apenas ministro alemão, sendo um entre iguais nos encontros de ministros das Finanças da União Europeia e da zona Euro.
A polémica antecedeu em poucas horas a divulgação de testes ao sistema financeiro conduzidos pela Reserva Federal norte-americana em que a sucursal do principal banco alemão, o Deutsche Bank, falhou. O banco atravessa um programa de despedimentos e cortes massivos e tem sofrido uma acentuada desvalorização.
Após o referendo britânico, o especulador George Soros apostou 100 milhões de euros na queda do banco alemão. Soros ficou conhecido quando, em 1992, pôs a nu a fragilidade da política monetária europeia, forçando a desvalorização da libra estrelina e a consequente decisão do governo britânico de retirar o Reino Unido do recém-criado Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio.
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