Não é o primeiro produto disponível na plataforma Steam a promover a misoginia e a violência contra as mulheres, realidade que o Movimento Democrático de Mulheres (MDM) condena, tendo já avançado com uma participação junto da Procuradoria-Geral da República e da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), que já fez queixa junto do Ministério Público. O objectivo é responsabilizar as plataformas tecnológicas e salvaguardar os direitos fundamentais das mulheres, com medidas que impeçam a proliferação de conteúdos que promovem e banalizam a violência.
«A existência de jogos como No Mercy, recentemente disponível na plataforma Steam, é reveladora de uma cultura que alimenta e normaliza práticas de ódio e de violência sexual contra as mulheres e raparigas, e com ela lucra economicamente», critica o MDM num comunicado.
Embora não use a palavra «violação» de forma explícita, as activistas alertam que o dito jogo «constrói uma narrativa centrada na coação, na promoção da violação e na objectificação violenta das personagens femininas», com frases como «nunca aceites um não como resposta» e «torna-te no pior pesadelo de qualquer mulher».
Para o MDM, este tipo de jogos não é um acaso, mas antes um produto do sistema económico em que vivemos – que «transforma tudo em mercadoria» e que lucra com a exploração dos corpos das mulheres, «seja através da prostituição, da pornografia ou da violência digital».
O movimento condena a «lógica de mercantilização da violência sexual [...] que alimenta o lucro de plataformas tecnológicas à custa da integridade, dignidade e segurança das mulheres», e defende que é preciso «deixar de compactuar» e responsabilizar os gigantes tecnológicos. Uma vez que, adianta, «o virtual também é real».
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