Os valores negativos «decorreram, fundamentalmente, do reconhecimento de montantes elevados de imparidades, de acordo com as exigências das autoridades europeias». A explicação foi dada ontem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) pelo Novo Banco, detido em 75% pela Lone Star.
Numa reacção aos números e ao facto de o Fundo de Resolução ser chamado a injectar 791,7 milhões de euros no Novo Banco, o deputado do PCP Miguel Tiago disse tratar-se de «uma intervenção pública obscena», contrária ao interesse nacional, sublinhando que o banco nascido com a falência do BES deveria ter ficado nas mãos do Estado.
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Redução de trabalhadores pelo Novo Banco em 2017.
«Não foi essa a opção do PSD e do CDS no momento em que se preparou a resolução, nem foi essa a opção do actual Governo PS. E uma vez mais se comprova que estas opções da política dos partidos PSD, PS e CDS estão claramente em confronto com o interesse nacional no que toca ao sector financeiro», disse.
A propósito de o nível de imparidades (provisões para perdas potenciais) contabilizadas – mais de dois mil milhões de euros – ser a razão do recorde de prejuízos verificados no ano passado, o deputado do PCP recordou: «quando a venda foi realizada, foi dito aos portugueses que o Estado teria inteiro controlo sobre os activos problemáticos do banco e que não haveria activos a ser vendidos abaixo do preço minimamente aceitável».
Mas, acrescentou, «com imparidades desta dimensão, [...], é muito provável que esteja a haver uma gestão desses activos – enfim, não temos esses elementos, mas é muito provável – mais ao sabor do privado do que propriamente do público».
Miguel Tiago denunciou também que, nos termos em que o Novo Banco foi vendido, «o Estado injecta capital sempre que for necessário atingir o rácio, ou seja, quando o rácio baixar dos níveis exigidos o Estado deve injectar o capital necessário» para o repor.
Razão pela qual, disse em seguida, «o banco podia ser nosso». «Podíamos estar a injectar capital num banco público e neste momento estamos a injectar capital num banco privado», realçando que, «quando houvesse lucros seriam nossos e teríamos um instrumento de financiamento da economia».
Progressiva redução dos trabalhadores
O Novo Banco já provisionou 134 milhões de euros em 2017 para o fecho de balcões e o despedimento de mais de 400 trabalhadores, este ano.
No final de 2017, o Novo Banco tinha 5488 trabalhadores, menos 608 do que os 6096 do final de 2016.
Quanto a balcões, fechou 64 em 2017, chegando ao final do ano com 473. Sobre quantos irão encerrar em 2018, o presidente do banco, António Ramalho, não quis dar informação.
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