Não se conhecem iniciativas de militares nem das associações que os representam para a realização de manifestações, mas esta acção mediática originou várias intervenções públicas, nomeadamente da ministra da Defesa e do Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). Até parece que foi esse o objectivo.
A ministra da Defesa, Helena Carreiras, através de uma declaração escrita à Lusa, fez saber que «a ideia de ter militares a manifestarem-se nas ruas não é aceitável num Estado de direito democrático», considerando que «quem nos defende não pode ser fonte de insegurança e de desestabilização».
Por seu lado, o CEMA, almirante Gouveia e Melo, afirmou à Rádio Renascença ser «completamente inaceitável um protesto de rua dos militares», considerando que manifestações «não devem ser feitas, nem permitidas, porque os militares são o último refúgio da estabilidade do país e, portanto, são inadmissíveis».
Entretanto, convém não ter a memória curta. Talvez seja importante recordar que ao longo do tempo, por várias vezes, os militares manifestaram na rua o seu descontentamento, com destaque para a manifestação de 14 Março de 2014, em Lisboa, com alguns milhares de participantes. Aliás, mais recentemente, em 25 de Outubro de 2022, os militares promoveram uma «tribuna pública» em frente ao Ministério das Finanças, com algumas centenas de militares presentes. Em qualquer caso, para além dos direitos dos militares que alguns responsáveis políticos e militares parecem desconhecer, das manifestações realizadas não são conhecidas quaisquer situações de insegurança ou de instabilidade.
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