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O regresso da narrativa da troika: ministro quer «combater gorduras» da RTP

Pode parecer uma anedota, mas não é. Depois de ter participado no evento «Jornalismo: Que Liberdade e Que Futuro?», o ministro dos Assuntos Parlamentares, justificou o depauperamento da RTP «no sentido de se ganhar eficiência e de combater gorduras e desperdícios».

CréditosAntónio Pedro Santos / Lusa

Após o anúncio do Plano de Ação para a Comunicação Social que prevê o corte na publicidade da RTP e consequentemente a brutal perda de receita, e depois do esclarecimento da recusa do Governo em aumentar o financiamento à empresa pública via Contribuição Audiovisual (CAV), o ministro dos Assuntos Parlamentares veio a público confirmar os moldes do ataque que está a ser engendrado. 

Em declarações após ter participado na conversa «Jornalismo: Que Liberdade e Que Futuro?», que decorreu no Coliseu do Porto, Pedro Duarte disse: «Nós vamos provocar mudanças dentro da RTP no sentido de se ganhar eficiência e de combater gorduras e desperdícios».

Mais uma vez, o ministro optou por nunca dizer quais são as «gorduras e desperdícios», mas se se tiver em conta o plano governativo, deduz-se que são os trabalhadores, uma vez que estão previstos 250 despedimentos. 

As declarações do membro do executivo ocorreram no dia em que o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Simões, deslocou-se à Assembleia da República para falar numa audição na Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto.

«Tirar uma verba tão importante como 20 milhões de euros, não havendo a perspectiva de se aumentar a comparticipação audiovisual, e nem sequer havendo a perspectiva de se aumentar a compensação indemnizatória à RTP, nós não vemos que o serviço público possa continuar a ser prestado igual ao que está», disse o representante do sindicato. 

A tónica das suas declarações foram também no sentido do comprometimento do serviço público prestado, já que Luís Simões identifica que a substituição de 250 trabalhadores por outros 125 vai «enfraquecer ainda mais» a missão da empresa pública. «Não nos parece que enfraquecer o serviço público num momento de grande crise da comunicação social possa ser o caminho», reiterou.
 

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