As jornadas de dois dias, com encerramento esta tarde, realizam-se nos distritos de Castelo Branco e Portalegre, as regiões que dividem a entrada do rio Tejo em Portugal. Os dois dias são dedicados a Almaraz, localidade onde está instalada a central nuclear espanhola que usa as águas daquele rio no seu sistema de arrefecimento e que já passou a sua idade de vida útil.
«Estamos aqui num duplo sentido: trazer a nossa mensagem à população e às instituições, a nossa preocupação e as propostas que temos, e a necessidade que existe de congregar vozes no sentido de fazer pressão para que seja encerrada a central», afirmou a deputada Heloísa Apolónia.
Na apresentação dos objectivos da iniciativa dos ecologistas, ontem, em Castelo Branco, a deputada ecologista defendeu o encerramento da central espanhola até 2020 e que a pressão sobre o governo espanhol deve ser feita «não apenas pelo ministro do Ambiente, mas também pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e pelo primeiro-ministro». A dirigente ecologista fez ainda o apelo a que o Presidente da República «se envolva activamente nesta questão».
Apesar de ter ultrapassado o seu prazo de vida útil, a licença de funcionamento foi prolongada pelas autoridades do país vizinho. «Como a licença está dada até 2020, o que "Os Verdes" dizem é que para lá do ano de 2020 nem pensar. É isso que Portugal tem que dizer de uma forma muito activa», concretizou a deputada.
O tema de Almaraz reentrou na discussão pública após o anúncio da intenção das autoridades espanholas de construir uma armazém para resíduos nucleares junto à central. A Assembleia da República aprovou recentemente por unanimidade um projecto de resolução conjunto, que partiu da iniciativa do PEV, sobre a matéria.
Heloísa Apolónia considera que o Governo «se atrasou muito» em relação ao acompanhamento do dossier, tendo estado afastado do processo de avaliação de impacte ambiental. O PEV sublinha os efeitos transfronteiriços da decisão espanhola, lembrando que, tendo efeitos em todo o território nacional, afecta particularmente os distritos de Castelo Branco e de Portalegre.
Para além de partilharem o Tejo com a central nuclear de Almaraz, são as regiões mais próximas das instalações, situadas a menos de 150 quilómetros da fronteira.
O primeiro dia das jornadas ecologistas foi dedicado ao distrito de Castelo Branco, onde os deputados contactaram com estruturas ligadas à Saúde, com os Bombeiros Voluntários de Castelo Branco ou com o Comando Distrital de Operações de Socorro. O objectivo, anunciam, é conhecer melhor a preparação para «a ameaça e os riscos decorrentes da central de Almaraz». Já no distrito de Portalegre, o dia foi encerrado com um encontro com pescadores do Tejo, em Nisa.
Hoje, antes do encerramento, com a apresentação das conclusões ao final da tarde, os deputados do PEV mantêm encontros com o Agrupamento de Escolas de Nisa, onde se realizou um debate com os alunos esta manhã, e com o Centro de Formação da Guarda Nacional Republicana (GNR), em Portalegre. Ao início da tarde, realizam uma audição sobre a central de Almaraz na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Portalgre.
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