A Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca de Cerco (Anopcerco) acolheu «com satisfação» a abertura governamental para aumentar até 30 mil toneladas a captura de sardinha, durante este ano, na sequência de um parecer emitido pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES, na sigla em inglês) esta sexta-feira.
Em declarações à agência Lusa, Humberto Jorge, presidente da Anopcerco, anunciou ter sido solicitado ao Governo, «já a partir da próxima semana», um aumento limites diários de captura de 20 a 30%, «nesta altura de grande procura», e a extensão da actividade até ao final Novembro, por tal ser «importante do ponto de vista económico e social».
O parecer emitido pelo ICES, para a Anopcerco, vem reconhecer «a verdadeira situação do recurso no mar», que os pescadores afirmam ser «já com dois anos».
Para a Anopcerco não basta aumentar as possibilidades de pesca, o sector pretende também «reaver os canais de abastecimento da indústria portuguesa», para escoar o pescado «com rendimentos aceitáveis».
Num ano em que não há festejos dos Santos Populares por causa da pandemia de Covid-19, Humberto Jorge manifestou-se «convencido de que os portugueses vão consumir sardinha em casa e nos restaurantes».
O dirigente associativo referiu ainda que, apesar do prometido aumento de capturas de sardinha, os pescadores não querem comprometer «de maneira nenhuma» recuperação da espécie e reivindicou as medidas implementadas pelo sector desde há vários anos, «no âmbito do plano de gestão até 2022», como tendo tido efeito ou ajudado a essa recuperação.
O compromisso com o aumento de captura de sardinha por barcos nacionais foi assumido, também nesta sexta-feira, pelo ministro do Mar, após conhecimento do parecer do ICES.
Em conferência de imprensa, o ministro anunciou a possibilidade de aumentar a quota de sardinha de 10 para 30 mil toneladas, embora as opções ainda venham a ser «acordadas com Espanha, uma vez que o manancial é comum».
A pesca da sardinha reabriu em 17 de maio, após quase sete meses de interdição, com um limite de 10 mil toneladas até Julho.
As capturas de sardinha em Portugal e Espanha não devem ultrapassar as 40 434 toneladas este ano, recomenda agora o ICES, em resposta a um pedido de revisão apresentado pelos dois países já em Fevereiro.
A crise associada à pandemia gerou uma perda de receitas na ordem dos 50 milhões de euros (cerca de 25% relativamente ao ano anterior) nas vendas em lota no território continental, em 2020, ao mesmo tempo que a União Europeia decidia cortar nos fundos do sector.
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