A sala de visitas da Festa do Avante! é o chamado Pavilhão Central, onde decorrem dezenas de debates sobre temas da actualidade política nacional e internacional e onde estão as grandes exposições. Este ano foi dado destaque à precariedade.
Esta exposição denuncia a precariedade existente em empresas e locais de trabalho do país, as suas consequências e objectivos, as propostas do PCP, a luta dos trabalhadores e os seus resultados.
O início da exposição começa com um aviso: «Esta é uma exposição sobre a precariedade. Pessoas mais susceptíveis poderão sentir no decorrer da visita momentos de instabilidade». E de facto o caminho inicial estava cheio de instabilidade. Esta é uma exposição interactiva sobre o problema da precariedade, que, segundo números assinalados na própria exposição, são cerca de 1 200 000 trabalhadores.
«Esta é uma exposição sobre a precariedade. Pessoas mais susceptíveis poderão sentir no decorrer da visita momentos de instabilidade»
Exposição sobre a precariedade, Festa do Avante!
O caminho da exposição é marcado por frases ditas na primeira pessoa, supondo trabalhadores com vínculos precários: «Faço falta todos os dias, mas o meu vínculo é precário», «Há mês a mais para o meu salário», «Trabalho horas a mais, vivo de menos» ou «Como posso pensar no futuro se não sei se trabalho para a semana que vem?».
Passando pelo excerto dos Tempos Modernos, de Charlie Chaplin, que criticou em 1936 a exploração dos operários, passamos por relatos em áudio e vídeo de vários jovens em situação de trabalho precário. O medo incutido nos locais de trabalho que perpetuam situações precárias é outro dos temas abordados neste espaço.
Vários números são apresentados sobre a precariedade. São exemplo os 67,5% de jovens trabalhadores com menos de 25 anos com vínculos precários ou os 600 mil trabalhadores que trabalham a «falsos recibos verdes». É entretanto sublinhado que a generalidade dos trabalhadores com vínculo precário trabalha todos os dias no mesmo local, com o mesmo horário, desempenhando as mesmas tarefas.
A exposição termina com duas mensagens. As propostas do PCP de combate à precariedade: «que a uma tarefa permanente corresponda um vínculo efectivo; o aumento dos salários; a redução do horário de trabalho; o fim da utilização dos «contratos de emprego-inserção», dos «contratos emprego-inserção +» e dos estágios profissionais para suprir necessidades permanentes; o combate ao falso trabalho independente e à falsa prestação de serviços; travar as formas de trabalho não declarado e de contratação ilegal e as várias formas de tráfico de mão-de-obra, trabalho temporário e outsourcing; assim como o combate à contratação a termo em desrespeito pela lei e à contratação a tempo parcial.
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Na segunda mensagem, os comunistas pretendem mostrar a necessidade de continuidade de intervenção e luta dos trabalhadores contra a precariedade e da valorização de «conquistas alcançadas». São dados exemplos de várias empresas, entre os quais a passagem a efectivos de cem trabalhadores da Bosh e da Sonae ou, na Funfrap, a passagem de 50 trabalhadores a efectivos e outros cem de Empresas de Trabalho Temporário que passam a contrato com a empresa.
Os organizadores explicam que esta exposição se insere na campanha que o PCP tem em curso, intitulada «Mais direitos, mais futuro. Não à precariedade!», em que os comunistas afirmam que já realizaram mais de mil iniciativas, incluindo acções e contactos junto de empresas, tribunas públicas, comícios e debates.
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O compromisso do PCP na acção contra a precariedade
Jerónimo de Sousa visitou hoje à tarde a exposição e declarou à imprensa que o desemprego e a precariedade se transformaram «num flagelo social, que afecta sobretudo as gerações mais novas». Enfatizou a proposta do PCP de que «a um posto de trabalho permanente deve corresponder um posto de trabalho efectivo» e as consequências que pode ter para o trabalhador um vínculo precário, como a insegurança e a incerteza no futuro.
O secretário-geral do PCP sublinhou que, para além do compromisso do PCP em «levantar a bandeira da precariedade» e continuar a intervir nos locais de trabalho, é necessária a acção dos trabalhadores e a sua luta contra o flagelo.
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