Foi na abertura da Academia do PS que o primeiro-ministro António Costa quis anunciar um conjunto de medidas para jovens. As medidas são sonantes, dão bons títulos noticiosos, mas não passam de um embuste e as propinas são o melhor exemplo disso mesmo.
O caso da propina é merecedor de análise porque demonstra como funciona a propaganda enganadora e as opções de fundo que estão presentes. António Costa disse então que as propinas das licenciaturas e mestrados realizados em universidades públicas serão devolvidas nos primeiros anos de trabalho no país.
Não tardou o jovem Miguel Costa Matos, secretário-geral da JS, a escrever uma publicação no Twitter (agora X) em que anuncia que «a propina acabou em Portugal» e pede para que «espalhem a notícia!». Ou seja, mentiu e apelou à divulgação de uma mentira.
O que podemos ver é que o PS só quer atirar areia para os jovens com um falso anúncio. Sem querer, assume que poderia acabar com as propinas, mas não o fará. Não o fará porque na sua inacção há o reconhecimento que a propina serve um propósito objetivo de fazer uma triagem socioeconómica no acesso ao Ensino Superior, visa elitizá-lo e garantir que só quem o consegue pagar poderá frequentá-lo.
Serviria mais aos jovens o fim da propina que uma possível devolução anos mais tarde, porque é a propina que muitas das vezes impõem, no momento do pagamento, a passagem por dificuldades, a possibilidade de não conseguir comer. É no momento em que o estudante e a sua família pagam a propina que estes são confrontados com a possibilidade real de ter que abandonar o Ensino Superior para conseguir suprir reais dificuldades.
Fica claro que se há orçamento para devolver a propina, haveria orçamento para acabar com ela e fica assim claro tambeḿ que isso, o PS e o Governo, não querem, optando por impor dificuldades concretas aos estudantes e às suas famílias. O tal «elevador social» que a política de direita tanto apregoa não existe, porque o que o Governo quer é continuar a reproduzir desigualdades, continuar a usar um instrumento como as propinas para garantir que o filho do operário, operário será, mas o filho do Doutor, Doutor pode, vai e tem de ser.
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