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Dia Internacional da Mulher

Quando terminará a luta das mulheres?

O que diria Clara Zetkin, que em 1910 apresentou a proposta de criação de um Dia Internacional da Mulher, se soubesse que as mulheres continuam a lutar pela emancipação e pela igualdade?

Um grupo de mulheres numa iniciativa comemorativa do Dia Internacional da Mulher, no Largo Camões em Lisboa, 8 de Março de 2014
CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

O que diria esta comunista alemã (1857-1933) se soubesse que a formação superior a que as mulheres acederam, direito arduamente conquistado, não foi bastante para acabar com as discriminações salariais? E que a percentagem de mulheres que aufere o salário mínimo nacional é muito superior à dos homens?

Ou ainda, que, no século XXI, em muitos sectores paira o entendimento de que, o dia que propôs com o objectivo de aumentar a consciência política e a organização das trabalhadoras, serve para presentear as mulheres com flores e chocolates, em vez de lhes reconhecer os direitos que a lei e a Constituição prevêem.

Mas também, que a condição feminina, com os seus direitos específicos, ainda é motivo para atropelos como a repressão patronal ou o assédio sexual, a par da limitação do exercício da maternidade, contraditando as notas oficiais que apelam a mais altas taxas de natalidade.

Segundo dados da CGTP-IN, que está a assinalar uma Semana pela Igualdade com uma diversidade de iniciativas a nível nacional, a desigualdade salarial atingiu, em 2016, 19,9% no ganho médio mensal. Resultado? As mulheres trabalharam mais 70 dias que os homens, sem receber.

Em cada dez jovens trabalhadoras, sete têm um contrato precário. Mas a desvalorização do trabalho e do papel das mulheres na sociedade revela-se também ao nível do desemprego. Só na Região de Lisboa, a taxa de desemprego feminino é de 9,17%, enquanto a dos homens se fica pelos 7,28%.  

A central sindical alerta para as consequências nefastas que advêm da subvalorização das competências e qualificações das mulheres: retribuições mais baixas, prestações de protecção social e pensões de reforma inferiores, e um grave risco de pobreza.

Não bastasse a precariedade do mundo laboral, onde as mulheres são também as mais afectadas pelas doenças profissionais (71% em 2016), em casa as desigualdades subsistem pelo facto de recair sobre elas a maior parte das lides domésticas e o cuidado dos filhos ou de outros familiares.

Mas o que certamente não imaginou a revolucionária alemã é que o sistema dominante haveria de encontrar formas de iludir a exploração sobre as mulheres, como a prostituição, levando-as a crer que basta a legalização para que tenham autonomia e acesso a «direitos laborais». Derivas apoiadas no crescimento das desigualdades sociais que, em vez de protegerem as mulheres, beneficiam quem as explora.

Clara Zetkin, o desafio mantém-se gigante mas a luta continua!

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