Numa entrevista recente ao jornal i, Pedro Ferraz da Costa acusou os portugueses de não quererem trabalhar, uma afirmação forte mas que não traz nada de novo vinda da boca de um patrão. Aliás, o discurso de Ferraz da Costa mudou muito pouco nas últimas décadas.
Em todas as entrevistas recentes, o presidente do Fórum para a Competitividade fala em «reformas», umas vezes «estruturais», outras não. Já em 1986, o termo constava do léxico do então presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), como comprovam declarações ao extinto Semanário.
Na altura, também lamentava as oportunidades «perdidas» com as primeiras duas intervenções do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 1977 e 1983. Há cerca de um ano, disse ter «pena que a troika tenha ido embora». Ao longo das últimas três décadas, nada mudou no seu discurso.
Quando trabalhou Ferraz da Costa?
Pedro Ferraz da Costa é presidente do conselho de administração do grupo Iberfar, enquanto herdeiro da presença familiar quase centenária no sector farmacêutico. É ainda presidente do Fórum da Competitividade, uma associação de defesa dos interesses dos grandes grupos económicos. Nos órgãos sociais, cruza-se com gente habituada aos corredores do poder, tanto político como económico: Nogueira Leite, Luís Todo Bom, Mira Amaral, Daniel Bessa, João Salgueiro, Óscar Gaspar ou Vítor Bento.
Antes, passou 20 anos na presidência da CIP, entre 1981 e 2001, sucedendo ao primeiro responsável da organização: o patriarca de uma das famílias da elite económica do regime fascista, António Vasco de Mello.
O que não se conhece, de todas as suas biografias públicas, é em que período Pedro Ferraz da Costa fez o que acusa os portugueses de não quererem fazer, trabalhar.
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