A investigação «O Cancro do Ovário em Portugal: conhecimento e percepções» foi promovida pela Sociedade Portuguesa de Oncologia, a Sociedade Portuguesa de Ginecologia Oncológica e pelo Movimento Cancro do Ovário e outros Cancros Ginecológicos, em parceria com a GSK.
No documento conclui-se a existência de «níveis preocupantes de desconhecimento» sobre o sétimo tipo de cancro mais comum nas mulheres e a oitava causa de morte por motivos oncológicos no universo feminino.
O estudo envolveu uma amostra de 806 mulheres e 206 homens, sendo proporcional à população portuguesa em termos de idade e região, e decorreu entre os dias 2 de Novembro e 7 de Dezembro de 2020, através de entrevistas telefónicas.
Os dados demonstram que 84,2% da população desconhece os sintomas, mais de 35% não sabe apontar os factores de risco e cerca de 84% não tem informação sobre a idade média do diagnóstico. Quase metade das mulheres (44%) que não fazem acompanhamento ginecológico de forma regular dizem que é por não sentirem necessidade.
Para Filipa Silva, oncologista da Fundação Champalimaud, os resultados do estudo demonstram «um grande desconhecimento por parte das mulheres e da população em geral» e avança que o facto de «um quarto das mulheres não terem uma avaliação ginecológica frequente é preocupante porque, além do cancro do ovário, a consulta de ginecologia serve essencialmente para rastrear outros tumores, nomeadamente o cancro do colo do útero».
Registam-se também, de acordo com a oncologista «mitos e ideias erradas», nomeadamente sobre factores de risco e métodos de rastreio. «Infelizmente para o cancro do ovário não temos um teste de rastreio que nos permita fazer um diagnóstico precoce», aponta Filipa Silva, que revela que cerca de 70% a 80% das doentes são diagnosticadas em fases avançadas.
É pois importante começar «a alertar e a divulgar alguma informação correcta relativamente a este tipo de cancro», que é conhecido por ser «silencioso», até porque os sinais iniciais são geralmente ligeiros, podem ser variados, e muitas vezes são confundidos com outras doenças. Entre estes sintomas estão a sensação de enfartamento, uma dor abdominal e pélvica difusa, o aumento do volume abdominal, alterações e queixas do ponto de vista urinário e intestinal, perda de peso, e algum cansaço.
Mais de 90% dos inquiridos acredita que a pandemia atrasou diagnósticos, o que corresponde à realidade.
Recorde-se que cerca de 314 mil mulheres são diagnosticadas todos os anos com cancro do ovário e perto de 207 mil morrem, anualmente, em todo o mundo. Em média, 600 portuguesas são diagnosticadas por ano, maioritariamente na pós-menopausa, com mais de 50 anos.
Regista-se ainda que uma em cada 78 mulheres pode vir a desenvolver este cancro durante a vida, estimando-se que, até 2035, a incidência mundial aumente 55% e a mortalidade suba para 67%.
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