As consequências da exposição aos cerca de 600 aviões que diariamente sobrevoam a capital foram expostas em Novembro pela Plataforma Cívica «Aeroporto fora, Lisboa melhora», que posteriormente lançou uma petição pelo «direito ao sono».
São cerca de 200 mil as pessoas que «não podem dormir, caminhar na rua, trabalhar, aprender, descansar, brincar ou conversar sem o incómodo ininterrupto dos aviões a passar», e que vão continuar a ser expostas a este «inferno» durante a noite, em particular nos concelhos de Lisboa, Loures e Odivelas.
No projecto de resolução pelo fim dos voos noctunos, apresentado pela bancada parlamentar comunista, e rejeitado na passada sexta-feira, denuncia-se que tanto as populações, como a TAP e a economia nacional «continuam a sofrer as negativas consequências da privatização da ANA, da subserviência dos sucessivos governos do PS, do PSD e do CDS aos interesses da Vinci, que continua a pressionar para evitar a saída do Aeroporto de Lisboa dos terrenos da Portela».
No entanto, acrescenta, tendo em conta as consequências da poluição e do ruído para a saúde e o bem-estar das populações, «não é aceitável que se continue a adiar a resolução do problema ou levar o problema também às populações do Seixal, Barreiro, Moita e Montijo». Sendo certo, admite-se no texto, que a Vinci só não avança para uma solução definitiva e capaz de salvaguardar a saúde e o bem-estar da população, «porque não serve os seus interesses» e que é precisamente o aumento dos voos nocturnos que permite continuar a adiar a construção do novo aeroporto de Lisboa.
«A Vinci chantageia diariamente o País sem que o Governo assuma a defesa dos interesses nacionais e ponha a saúde das populações e a economia nacional em primeiro lugar», refere-se no projecto chumbado por PS, PSD, IL e Chega.
Por outro lado, o recente entendimento entre PS e PSD, é visto, na prática, como um contributo para novo adiamento. «A decisão de promover nova "análise estratégica" para a localização do novo aeroporto é um capote para esconder que os reais objectivos de PS e PSD são ditados e, por isso, convergentes com os interesses da Vinci», refere-se no documento, que, entre outros aspectos, reclamava que o Governo impedisse o aumento do número de voos no período nocturno, limitasse as operações de aeronaves no Aeroporto Humberto Delgado entre as 23h e as 0h, e entre as 6h e as 7h, e proibísse a realização de voos no período entre as 0h e as 6h, salvo por motivos de segurança aeronáutica, de acordo com o decreto-lei de 293/2003, de 19 de Novembro.
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