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Estudantes na rua exigem mais alojamento e bolsas de estudo

Sob o lema «O futuro tem a corda ao pescoço!», centenas de estudantes do Ensino Superior realizaram acções de protesto pelo País, para exigir mais financiamento do Governo e o fim das propinas.

Concentração de estudantes na Praça do Saldanha, em Lisboa
Créditos / AbrilAbril

As acções de protesto decorreram hoje ao longo do dia, reunindo centenas de alunos em Lisboa, Porto e Évora, que responderam ao apelo lançado em manifesto pela Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (AEFCSH).

No documento, a AEFCSH realça que «a falta de financiamento para o Ensino Superior nos últimos anos tem vindo a colocar este sector tão importante para o País numa situação insustentável», face à «constante desresponsabilização da tutela face às suas obrigações».

O desinvestimento no Ensino Superior e nos serviços de acção social afecta milhares de estudantes por todo o País. Das propinas à falta de alojamento, passando pelo insuficiente valor das bolsas, são vários os aspectos práticos que ameaçam a participação e acesso dos estudantes à formação a que têm direito.

Além disso, apesar de valorizar a redução das propinas no Orçamento de Estado para 2019, a AEFCSH reitera a exigência do fim das mesmas, pois continuam a constituir uma barreira no acesso ao Ensino Superior. Esta realça ainda que Portugal é um dos países da União Europeia com a propina mais elevada e onde as famílias mais contribuem, apesar dos rendimentos baixos.

Para os estudantes, o geral subfinanciamento do Ensino Superior reflecte-se em vários aspectos do dia-a-dia, com a enorme falta de camas em residências e o crescente aumento de preço por quarto, bem como as insuficiências da acção social escolar, que se traduz em bolsas com muitos meses em atraso.

Edifício na Fábrica dos Leões em risco de ruir

A primeira acção do dia decorreu em Évora, junto à Reitoria da Universidade, com uma concentração de protesto e a entrega de um abaixo-assinado com mais de 1000 assinaturas a salientar os problemas no geral, mas também questões concretas na instituição que levam «à desistência de muitos estudantes».

A estudante Rita Lázaro salientou que na residência de Évora existem «apenas 527 camas para cerca de 8 mil estudantes», restando apenas a alternativa de um quarto numa casa com rendas cada vez mais elevadas. A privatização de bares e papelarias da universidade também levou a mais despesa para os alunos.

Além disso, a falta de transportes para o pólo universitário da Mitra, a 12 quilómetros de Évora, obriga os estudantes de Psicologia a pagar o passe com horários que «acabam cedo», enquanto que os estudantes de teatro exigem uma intervenção urgente no edifício do curso de teatro que está em risco de ruir.

500 euros por quarto em Lisboa

Já em Lisboa, os estudantes partiram do Saldanha até à sede da Direção-Geral de Ensino Superior, envergando uma enorme faixa com destaque para a questão do alojamento e a exigir «mais residências já». No final, a par de gritos de ordem e intervenções, foi também entregue um abaixo-assinado com milhares de assinaturas a afirmar que «está na hora de agir».

«É inadmissível que apenas 13% dos alunos deslocados em Lisboa tenham acesso a camas em residências, enquanto os restantes ficam sujeitos a pagar em média cerca de 500 euros por um quatro no mercado privado», afirmou Pedro Fernandes, presidente da AEFCSH.

A questão do alojamento assume especial relevância na capital, onde as rendas dispararam no seguimento da «lei Cristas» e com o cada vez maior impacto do turismo no preço de uma quarto. A alternativa, acrescenta Pedro Fernandes, é arranjar um quarto na periferia e perder tempo e dinheiro em transportes públicos.

A concentração no Porto, agendada para as 18h, realiza-se em frente à sede dos Serviços de Acção Social da Universidade do Porto, numa acção de alerta para a falta de camas em residências universitária, as más condições das mesmas e a subida dos preços em quartos particulares.

Hugo Devesas, da Comissão de Residentes da Residência Universitária José Novais Barbosa e da Campanha «Des/Alojados», esclareceu que o protesto ocorre no seguimento do levantamento de um abaixo-assinado nacional lançado pela AEFCSH.

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