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Patrões coagem estivadores de Aveiro a furar protesto de Setúbal

Depois da coacção no Porto de Lisboa, sindicato ​​​​​​denuncia que há estivadores do Porto de Aveiro a serem convocados para substituir os trabalhadores eventuais em protesto no Porto de Setúbal.

Estivadores precários manifestam-se junto ao Porto de Setúbal durante a greve em Setúbal, 14 de Novembro de 2018. 90% dos contratos no Porto de Setúbal são vínculos precários.
CréditosAndré Areias / Agência Lusa

«Ao final da tarde de ontem (terça-feira) fomos confrontados com a tentativa de convocar estivadores do Porto de Lisboa para substituir os trabalhadores em luta no Porto de Setúbal. Os estivadores de Lisboa, fiéis aos seus princípios, recusaram trair a luta que os outros estivadores estão a travar», afirma o Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL).

Todavia, o sindicato afirma que ontem, «não contentes com a primeira tentativa fracassada, alargaram o espectro e estão a tentar convocar os estivadores de Aveiro para trabalharem ilegalmente durante três dias em Setúbal».

O SEAL realça ainda que os trabalhadores estão a ser usados como «carne para canhão», pois «nada têm a ver com o Porto de Setúbal, mas para estes vão ser conduzidos com o intuito de potenciar conflitos entre trabalhadores». Um acto propositado, acrescenta, com o intuito de furar o protesto e servir de provocação.

O Porto de Setúbal está praticamente parado desde 5 de Novembro, devido ao protesto dos trabalhadores com vínculos precários que, em resposta às manobras relatiatórias e divisionistas da operadora, decidiram deixar de responder às convocatórias, afirmando-se como indisponíveis para trabalhar.

No Porto de Setúbal, todas as operações são asseguradas por um conjunto de trabalhadores que, apesar de desempenharem funções permanentes e essenciais, estão com vínculos precários. No total, correspondem a 90% dos operários.

Os chamados «eventuais», alguns nesta situação há mais de 20 anos, assinam contratos ao dia, após serem chamados para trabalhar por SMS, uma situação que os desprove de estabilidade na vida e de direitos básicos, como os subsídios de férias e de Natal, dias de descanso ou até direito à protecção social em caso de doença ou acidente de trabalho.

Além disso, os trabalhadores denunciam ser alvo de perseguições e ameaças em diversos casos, como, por exemplo, recusarem ir trabalhar quando contactados, mesmo por questões de saúde, ou serem excluídos da bolsa como castigo.

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