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Estivadores chilenos «mais radicalizados» após violenta intervenção policial

Há mais de um mês em greve, os trabalhadores precários no Porto de Valparaíso dizem-se agora «mais radicalizados», tendo em vista a falta de negociações e a violenta repressão por parte dos Carabineiros.

Os estivadores lutam há mais de um mês contra a precariedade no Porto de Valparaíso (Chile)
Créditos / La Izquierda Diario

Esta manhã, os estivadores realizaram manifestações na zona portuária da cidade chilena, depois de ontem se terem registado violentos confrontos entre os trabalhadores em greve e forças policiais, que, ao final do dia, entraram na sede do Sindicato dos Estivadores, destruíram grande parte do mobiliário e da documentação nele guardada, feriram vários trabalhadores e prenderam pelo menos 16, segundo refere o portal El Desconcierto.

Face a esta situação, o dirigente sindical Osvaldo Quevedo disse à imprensa que, «se já estavam radicalizados» pela falta de respostas da empresa e do governo chileno às suas reivindicações, «agora vão estar quatro vezes mais», tendo ainda garantido que, em Valparaíso, «não haverá ano novo».

De acordo com a Prensa Latina, o representante dos estivadores referia-se a um espectáculo pirotécnico de grandes dimensões conhecido como «Fiesta del Mar» e que atrai milhares de turistas a Valaparaíso no final do ano.

A greve dos trabalhadores precários no Porto de Valparaíso dura há 31 dias e, neste momento, a situação é de ruptura entre os estivadores e a Terminal Pacífico Sur (TPS), uma das duas empresas privadas a quem foi concessionada a operação do porto (estatal).

Contra a precariedade, pela melhoria das condições de trabalho

A constituição de uma mesa negocial e a não existência de represálias sobre os trabalhores em greve são duas das reivindicações dos estivadores, que reclamam compensações salariais pela queda na actividade portuária este ano e denunciam a precariedade das suas condições de trabalho.

De acordo com o portal Emol, trata-se de trabalhadores que só são chamados quando os trabalhadores com contratos efectivos não conseguem dar conta do volume de trabalho – e, assim, têm de estar permanentemente disponíveis.


Os estivadores pretendem ver revertida esta situação de precariedade e garantida uma série de direitos, como salário mínimo, férias pagas, indemnizações por anos de serviço e a possibilidade de negociação colectiva.

Exigem também o envolvimento do governo de Sebastián Piñera, até porque o porto de Valparaíso – um dos mais importantes do Chile – pertence ao Estado, que concessionou a operação a duas empresas: a TPS, em cujo terminal se mantém a greve, e a Terminal Cerros de Valparaíso (TCVAL), onde os trabalhadores também estiveram em greve 13 dias, acabando por alcançar um acordo.

Apesar dos apelos do governo chileno a uma «flexibilização de posicionamentos», o conflito dá sinais de se prolongar e de se ampliar, tendo em conta que os trabalhadores de outros portos estão a realizar acções em solidariedade com os estivadores de Valparaíso, nomeadamente os dos portos de Iquique e de San Antonio.

O desvio de cargas do Porto de Valparaíso para o de San Antonio no período da greve impediu que as perdas económicas fossem maiores. No entanto, refere a Prensa Latina, as empresas exportadoras temem que o conflito alastre aos restantes portos.

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