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Supremo venezuelano congela contas de Guaidó e proíbe-o de sair do país

O Supremo Tribunal de Justiça decretou várias medidas cautelares contra Juan Guaidó, o autoproclamado «presidente interino» da Venezuela, após um pedido efectuado nesse sentido pelo Ministério Público.

O presidente do Supremo Tribunal de Justiça é um dos visados pelas sanções recentes da UE (na imagem, sede do STJ, em Caracas)
Edifício do Supremo Tribunal de Justiça, em Caracas, que em Junho de 2017 foi alvo de um ataque terrorista, no contexto da ofensiva extremista da direita, apoiada internacionalmente Créditos / diariolasamericas.com

Maikel Moreno, presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), anunciou esta terça-feira que o órgão máximo do poder judicial venezuelano acolheu favoravelmente o pedido realizado pelo procurador-geral da República, Tarek William Saab, para que fosse aprovada uma série de medidas cautelares contra Juan Guaidó – figura central na tentativa de golpe de Estado em curso –, enquanto estiver a ser investigado pelo Ministério Público (MP).

Assim, enquanto durar a investigação, o deputado da Assembleia Nacional – órgão em situação de «desobediência» perante o STJ – está proibido de sair do país e de alienar os seus bens; para além disso, as suas contas bancárias na Venezuela ficam bloqueadas, indica a TeleSur.

A aplicação destas medidas contra o membro do partido de extrema-direita Voluntad Popular, que na semana passada se autoproclamou «presidente interino» do país – depois de o seu partido se ter recusado a concorrer às eleições presidenciais de Maio –, havia sido solicitada ao órgão judicial algumas horas antes pelo titular do MP, Tarek William Saab.

Este revelou à imprensa que o MP decidiu abrir uma investigação preliminar contra Guaidó, por «ter liderado um ataque à pátria venezuelana», acrescentando que o deputado é «responsável por factos que causaram danos à paz da República, à economia e ao património nacional».

As suas acções, que levaram à eclosão de actos violentos e ao congelamento de activos do país, podem constituir-se como «crimes graves contra a ordem constitucional», havendo por isso uma base legal e constitucional para levar a cabo uma investigação e reunir elementos «capazes de travar as acções contra a paz» no país sul-americano, afirmou Saab, citado pela AVN.

Golpe contra o presidente legítimo da Venezuela

No passado dia 23 de Janeiro, Juan Guaidó autoproclamou-se «presidente interino» da Venezuela, em Caracas, no âmbito de uma mobilização convocada pela direita. A iniciativa, qualificada como «inconstitucional» pela Justiça venezuelana, foi apoiada de imediato pela administração norte-americana, pelo governo do Canadá e de vários outros países integrados no Grupo de Lima – designado pelas autoridades venezuelanas como «Cartel de Lima».


O governo de Nicolás Maduro denunciou o aval dado a este processo pela administração de Trump, que acusou de estar à frente de um golpe de Estado contra a Venezuela, bem como a atitude ingerencista dos países-membros da União Europeia – alguns dos quais, recorde-se, deram um prazo de oito dias a Nicolás Maduro para organizar novas eleições, sob pena de reconhecerem o «presidente interino» como presidente da Venezuela.

Os intentos golpistas, que ontem conheceram uma nova etapa com o congelamento, pela administração norte-americana, dos activos da Petróleos de Venezuela (PDVSA) nos EUA, não foram tão bem sucedidos nas sessões entretanto realizadas na Organização dos Estados Americanos (OEA) e no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde a maioria dos países se recusou a reconhecer a manobra de Guaidó e, com isso, a violação do Direito Internacional.

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