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Cuba condena «sabotagem terrorista» contra a Venezuela e mentiras de Bolton

O governo cubano condena veementemente o ataque, que visa «prejudicar a população indefesa de todo um país, para a utilizar como refém na guerra não convencional desencadeada pelos EUA».

John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, durante o anúncio de imposição de sanções à Venezuela
Créditos / Twitter

Num comunicado emitido ontem, publicado no portal CubaDebate, as autoridades da maior das ilhas Antilhas lembram que se trata de «uma acção que priva a população de um serviço básico fundamental, deixa hospitais sem energia necessária para operar, interrompe outros serviços básicos indispensáveis à vida quotidiana, como a alimentação, o abastecimento de água, o transporte, as comunicações, a segurança pública, o comércio, as transacções bancárias e o pagamento com cartões; afecta o trabalho em geral e impede o funcionamento das escolas e universidades».

O ataque vem juntar-se «à implacável guerra económica e financeira à qual a Venezuela está sujeita, com o propósito claro de derrotar por carências e privações a vontade política e soberana de um povo que não se deixou vergar».

O texto nota ainda que se trata de «uma escalada na guerra não convencional liderada pela administração dos Estados Unidos» contra a Venezuela, que se desenvolve na sequência do «fracasso da provocação montada em 23 de Fevereiro último, com a tentativa de fazer entrar à força uma suposta ajuda humanitária na Venezuela, desafiando as autoridades legítimas do país, em violação do Direito Internacional e das normas e princípios da Carta das Nações Unidas, com o objectivo de provocar mortes e violência em grande escala, como pretexto para uma "intervenção humanitária"».

«A experiência da história de Cuba e de outros países da região mostra que estas acções são o prelúdio de acções violentas de maior envergadura, como a invasão armada pela Baía dos Porcos, em 1961. A comunidade internacional tem exemplos suficientes para estar de sobreaviso», alerta o governo cubano, lembrando que «o usurpador e autoproclamado "presidente" [Juan Guaidó]», na viagem que fez pela América do Sul, pediu a certos governos «apoio para uma intervenção militar no seu país».

Campanha de mentiras coordenada por Bolton, «mentiroso de longa data»

«A ofensiva contra a Venezuela é acompanhada por uma feroz campanha de propaganda macarthista e mentiras, coordenada pelo Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, […] activamente acompanhada pelo senador anticubano Marco Rubio, que, recorrendo freneticamente às redes sociais, evidencia a sua atenção e envolvimento pessoal e conspirativo nas manobras contra a Venezuela», denuncia o texto.

Entre os afirmações «mais persistentes e desavergonhadas está a calúnia de que Cuba tem "entre 20 e 25 mil militares na Venezuela"», uma «mentira» que o governo de Cuba rejeita de forma categórica, da mesma forma que rechaça qualquer insinuação de que «existe algum grau de subordinação política da Venezuela a Cuba ou de Cuba à Venezuela».

A este propósito, as autoridades cubanas denunciam que «John Bolton é um mentiroso reconhecido, com credenciais de longa data», lembrando que, em 2002, acusou o país caribenho de ter um programa de desenvolvimento de armas biológicas – uma «falácia» que foi negada pelo seu chefe, Colin Powell, e pelo ex-presidente norte-americano James Carter – e que, em 2003, foi um dos promotores da «mentira de que o governo do Iraque possuía armas de destruição em massa».

«Compromisso comum bolivariano e martiano, fidelista e chavista»

As relações bilaterais entre Cuba e a Venezuela assentam «no respeito mútuo, na verdadeira solidariedade, no compromisso comum bolivariano e martiano, fidelista e chavista com a integração da "Nossa América", independente e soberana», bem como no «desejo de praticar a cooperação complementar entre os povos do Sul e no esforço de aplicar e defender a Proclamação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz», destaca o texto.


Quando Bolton, outros políticos e funcionários da administração dos EUA afirmam que Cuba participa nas operações da Força Armada Nacional Bolivariana ou nos serviços de segurança, «mentem deliberamente, pois têm dados e informações suficientes, e sabem a verdade», denuncia o governo cubano. «É totalmente falso», insiste, acrescentando que «Cuba não intervém nos assuntos internos da Venezuela, tal como a Venezuela não intervém nos de Cuba».

Nos projectos do Acordo Integral de Cooperação assinado entre os dois países, participam mais de 20 mil cubanos, na maioria mulheres, 96% dos quais envolvidos na prestação de serviços de saúde à população, enquanto outros trabalham em sectores como educação, cultura, desporto e agricultura e alimentação.

«Ao contrário dos Estados Unidos, que têm cerca de 80 bases militares na América Latina e nas Caraíbas – incluindo a que usurpa o território cubano em Guantánamo – e cerca de 800 no planeta, com mais de 250 mil soldados, Cuba não tem nenhuma em nenhum país, nem especialistas em tortura e repressão policial, nem prisões secretas, nem forças navais ou aéreas a rondar as costas e o espaço aéreo imediato de estados soberanos, nem satélites a observar cada detalhe», declara o governo de Cuba.

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