O Ministério brasileiro da Agricultura formalizou, nesta terça-feira, o registo de mais 31 agrotóxicos. No total, só em 2019 as autoridades brasileiras deram o aval a 169, segundo refere o portal G1.
O número de produtos tóxicos «defensivos» aprovados no Brasil tem vindo a crescer desde o golpe contra a presidente Dilma Roussef, em 2016. Se, em 2015, por exemplo, foram 139, em 2018, já foram 450.
Dos 31 agrotóxicos agora registados, 29 são considerados «produtos técnicos equivalentes», isto é, reproduções de princípios activos já autorizados no Brasil. Três são compostos do glifosato, uma substância associada ao desenvolvimento de cancro e que está ligada a processos bilionários nos Estados Unidos, revela a mesma fonte.
Na sua página online, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lembra que «o Brasil é o líder mundial no consumo de agrotóxicos, com 7,3 litros por ano para cada um dos habitantes do país».
Para além disso, o MST recorda que, numa entrevista concedida ao Brasil de Fato, o deputado federal Nilto Tatto (PT) disse que «a articulação entre a bancada ruralista e a cúpula que organizou o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff foi fundamental» para a promoção de medidas «em benefício do agronegócio no país», nas quais se inclui a aprovação de agrotóxicos.
Com a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência do Brasil, essa relação «estreitou-se» por via da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conhecida como «musa do veneno» e que presidiu à Frente Parlamentar Agropecuária – a chamada «bancada ruralista».
Também em entrevista ao Brasil de Fato, Alan Tygel, membro da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, apontou «o alinhamento ideológico» com o agronegócio, por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), do Ministério da Agricultura e do Ministério do Meio Ambiente, como elemento que facilita a aprovação de agrotóxicos, na sequência do «impeachment» contra Dilma Rousseff.
O registo de um novo produto agrotóxico no Brasil é feito pelo Ministério da Agricultura, mas depende igualmente da aprovação da Anvisa, que avalia os riscos para a saúde, e do Ibama, que analisa os riscos ambientais.
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