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Véspera de greve geral no Brasil pela soberania e contra retirada de direitos

Prevê-se que milhões de trabalhadores e estudantes adiram à greve geral desta sexta-feira. Em causa estão as políticas neoliberais de Bolsonaro, iniciadas pelo presidente não eleito Michel Temer. 

Mais de 1,5 milhão nas ruas do Brasil contra os cortes na Educação pública e contra os retrocessos do governo de Bolsonaro. 15 de Maio de 2019, Rio de Janeiro, Brasil
CréditosAntonio Lacerda / Agência Lusa

O maior país da América do Sul estará em luta amanhã contra a reforma da Previdência (Segurança Social) do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e a política de privatizações, na sequência dos passos dados pelo executivo do não eleito Michel Temer. 

Ao Brasil de Fato, o responsável pela comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou que os trabalhadores vão aderir em todas as bases, sendo que a mobilização afectará a troca de turnos nas refinarias. «Os petroleiros vão aproveitar a greve geral para expressar [o seu] descontentamento em relação a projectos que atacam a soberania do país, iniciados pela gestão de Michel Temer (MDB) e aprofundados por Bolsonaro», realçou ao online Alexandre Finamori. 

O governo  de Bolsonaro já anunciou a venda de oito das 13 refinarias da Petrobras. Entretanto, o acordo de concessão entre a estatal e o Conselho Administrativo de Defesa Económica (Cade) foi assinado na terça-feira, 11 de Junho, com prazo de dois anos para a venda das unidades. 

O representante da FUP enuncia algumas das machadadas que já foram dadas no sector petrolífero estatal, nomeadamente a privatização de refinarias e o encerramento de uma fábrica de biodiesel no Ceará, no norte da Região Nordeste.

O sindicalista denuncia ainda a precarização das condições de trabalho e de segurança, que, afirma, podem conduzir a situações semelhantes à da empresa Vale, em Mariana e Brumadinho, depois da privatização da empresa mineira, em 1998.

Cortes na Educação Pública 

Motivados pelos cortes na Educação, os estudantes, professores e funcionários de universidades e institutos federais estão também num intenso processo de mobilização para a greve geral de amanhã.

A expectativa, afirmou Jessy Dayane, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), ao Brasil de Fato, é que a maioria das universidades no Brasil pare esta sexta-feira, dando continuidade aos protestos realizados no mês passado, que, só no dia 15 de Maio, mobilizaram 1,5 milhão de pessoas em todo o país.

Além de questões imediatas como os cortes de financiamento para investigação e a redução do orçamento das instituições de Ensino Superior, Dayane sublinha que os jovens «serão os mais afectados pela PEC [Proposta de Emenda à Constituição]», que altera as regras de acesso à reforma e está em discussão no Congresso Nacional. 

A reforma proposta pela equipa de Bolsonaro fixa a idade mínima de reforma  em 65 anos para os homens e 62 anos para as mulheres. No caso dos professores, a idade mínima foi definida em 60 anos para ambos os sexos. «Se for aprovada a reforma da Previdência, isso significa que os estudantes de hoje vão ter que trabalhar muito mais, ou provavelmente não vão se aposentar», alerta a dirigente da UNE.

A jovem lembra ainda que a taxa de desemprego no Brasil fechou o trimestre em 12,5%. São 13,2 milhões de pessoas sem trabalho no país, segundo dados o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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