Ao entrar na quinta semana de greve, cerca de 50 mil professores participaram, esta segunda-feira, em plenários por todo o país austral, sendo que 73,82% votaram a favor da continuidade do protesto e contra a proposta que o Ministério da Educação apresentou ao sector na passada sexta-feira, por não contemplar pontos fulcrais do caderno reivindicativo.
Apenas 2,09% dos docentes votaram pela opção do regresso às aulas e da aceitação da proposta ministerial, informa a Prensa Latina.
Em declarações à imprensa, o presidente do Colégio de Professores do Chile, Mario Aguilar, referiu que as mobilizações vão continuar e que, a partir de hoje, representantes do sindicato vão reunir-se com colegas do Ensino público que não aderiram à greve e procurar apoio tanto no seio do Ensino privado como de sindicatos de outros sectores, «porque não se trata de uma causa apenas dos docentes, mas de toda a sociedade chilena».
Depois de um longo período de silêncio, pelo qual foi amplamente criticada, a ministra da Educação, Marcela Cubillos, manteve reuniões nos últimos dias com representantes dos docentes em greve e, apesar de alguns avanços registados, as negociações ficaram longe de um acordo, de tal forma que a ministra teceu declarações de teor «intimidatório» contra os professores, e o chefe do executivo, o presidente Sebastián Piñera, veio a público dizer que a greve é «ilegal» e exigir o regresso imediato dos professores às aulas.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Educação, 600 mil alunos estão sem aulas desde o início da greve, a 3 de Junho. Mario Aguilar pediu aos professores que se não se deixem intimidar e se mantenham firmes na luta contra o estado de abandono na Educação pública.
O Colégio dos Professores critica a falta de vontade do Ministério em reconhecer as horas extra aos docentes e em atribuir-lhes um subsídio de reforma; exigem ainda o reconhecimento dos professores de educação especial e o fim da discriminação nas avaliações dos docentes, que não aceitam a reforma curricular proposta pelo governo de Sebastián Piñera, nomeadamente no que respeita às disciplinas de História, Educação Física e Artes (que se tornam opcionais no Ensino Médio).
Mais greves no Chile esta semana
Os funcionários do Ministério da Educação convocaram uma «greve de advertência» para amanhã. Em declarações à imprensa, a que a Prensa Latina faz referência, o presidente da Associação de Funcionários do Ministério da Educação, Egidio Barrera, declarou que o organismo não tem desempenhado um papel a favor da Educação pública e que as medidas que está a tomar vão na direcção contrária.
Os trabalhadores da cadeia de supermarcados Lider, pertencente à trasnacional norte-americana Walmart, também entram em greve esta quarta-feira, depois de terem fracassado as negociações com a empresa durante o fim-de-semana passado.
Em comunicado, o Sindicato Interempresa Lider de Walmart afirmou que a greve foi aprovada em plenário por 91% dos seus mais de 17 mil filiados.
Com o protesto, que pode levar ao encerramento de cem supermercados em todo o país, os trabalhadores reclamam aumentos salariais, denunciando que «a empresa factura milhões mas paga migalhas», melhorias das condições de trabalho e que os trabalhadores não sejam despedidos como consequência do processo de automatização iniciado pela Walmart.
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