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Turquia confirma que enviará mais tropas para o Norte da Síria

A Turquia anunciou esta segunda-feira que, muito brevemente, as suas tropas estarão na chamada «zona segura» no Norte de Síria, no âmbito do acordo alcançado com os EUA e que conta com o apoio das FDS curdas.

A «zona segura» no Norte da Síria, criada por turcos e norte-americanos violando a soberania do país árabe, conta com o apoio das forças curdas (na imagem)
Créditos / Middle East Eye

Apesar de Damasco ter denunciado o acordo, classificando-o como ilegal, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o seu país está «totalmente preparado para levar a cabo os seus planos», tendo confirmado que os drones e helicópteros turcos já se encontram na chamada «zona segura» e que muito brevemente o farão as tropas terrestres, noticia a Prensa Latina.

A mesma fonte indica que Erdogan insistiu na ideia de que, «se as coisas não funcionarem», a Turquia poderá recorrer a planos alternativos, referindo-se a acções unilaterais por falta de entendimento com Washington.

No início deste mês, o Ministério turco da Defesa e a Embaixada dos EUA em Ancara (capital da Turquia) anunciaram ter chegado a um acordo no âmbito do qual decidiram criar um centro conjunto de operações, em território turco, para coordenar e gerir a criação da chamada «zona segura» na Síria.

Um representante do governo de Damasco afirmou então, em declarações à agência SANA, que a Síria «rejeita categoricamente o acordo anunciado pelos ocupantes norte-americanos e turcos sobre a criação da chamada zona segura», sublinhando que constitui uma «violação flagrante da soberania e integridade territorial da Síria», bem como «dos princípios do direito internacional e da Carta das Nações Unidas».

As autoridades sírias já tinha denunciado as negociações prolongadas entre EUA e Turquia visando a criação de uma zona desmilitarizada ao longo da fronteira turco-síria, depois de a Turquia ter ameaçado lançar uma nova ofensiva contra as mílicias predominantemente curdas das chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), aliadas de Washington e tachadas como «terroristas» por Ancara.

As milícias curdas das Unidades de Protecção Popular (YPG), que integram as FDS, são vistas pelo governo de Ancara como um prolongamento, em território sírio, do braço armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que desde meados dos anos 80 luta contra as forças turcas por um Curdistão independente. Desde que se aliaram aos Estados Unidos no Norte e Nordeste da Síria, as «preocupações turcas» aumentaram consideravelmente e os atritos com Washington foram frequentes.

Apoio curdo à «invasão turca»

Entretanto, as FDS, que condenaram a ofensiva do Exército Árabe Sírio contra os grupos terroristas da Al Qaeda em Idlib, equiparando as forças terroristas àqueles que contra elas lutam – como faz alguma comunicação social no Ocidente –, e fizeram inclusive «um apelo à comunidade internacional para intervir e deter o genocídio da população civil na Síria», já expressaram o apoio ao acordo entre turcos e norte-americanos, tendo afirmado que, pela sua parte, farão «todos os esforços para garantir o êxito do entendimento dos EUA com o Estado turco».


Na sexta-feira passada, o Comando Central dos EUA (CENTCOM) revelou que as forças das FDS tinham começado a retirar-se do Nordeste da Síria e a demolir as fortificações que tinham junto à fronteira com a Turquia, indica a PressTV.

Diversas fontes destacam a atitude oportunista dos curdos, via YPG e FDS, sublinhando como «abriram as portas aos turcos» na Síria, país onde, ao contrário da Turquia ou do Iraque, os curdos são uma minoria pouco expressiva, ocupam uma área terrorial ínfima, quase colada à fronteira com a Turquia.

Agem também ao contrário do governo sírio e do Exército Árabe Sírio, que não cederam um milímetro do seu território aos invasores, sejam eles sauditas, franceses, norte-americanos ou turcos.

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