O presidente do PSD, em entrevista à Lusa, admitiu ser possível celebrar um acordo «por escrito» com um Governo PS se tal permitir a realização de reformas para o País. Uma vez mais, o PSD lança a narrativa da necessidade de implementação de reformas estruturais em áreas como o sistema político, a descentralização ou a Justiça.
As medidas do programa eleitoral do PSD sobre estas matérias, recentemente anunciadas, clarificam que o sentido destas reformas passa pela degradação do regime democrático plural e representativo – com ou sem revisão constitucional; pelo ataque às autarquias locais, atribuindo-lhes competências centrais sem o correspondente e necessário financiamento; e o ataque à independência e isenção dos magistrados através de alterações aos seus conselhos superiores.
Para Rui Rio fazia falta ao Governo do PS ter tido «mais ousadia para reformar e para melhorar», mas admitiu que o primeiro-ministro não o desiludiu enquanto tal.
Perante a questão de como será possível a um eleitor diferenciar as posições entre PSD e PS, o líder dos sociais-democratas afirmou que, para um eleitor do centro, há duas diferenças fundamentais, «uma relativamente à governação em concreto», as quais não são «gigantescas», e a outra que assenta na «postura e [na] forma de ser».
É clara a disponibilidade do PSD para dar a mão ao PS no novo quadro parlamentar que saia das eleições legislativas de 6 de Outubro.
Desde a Revolução de Abril, PS e PSD, com ou sem o CDS-PP, convergiram em posicionamentos e políticas de fundo, destacando-se as revisões constitucionais que vieram a subverter o texto original aprovado na Assembleia Constituinte, ou as sucessivas alterações à legislação laboral que, ao longo das últimas décadas, introduziram retrocessos sociais nos direitos dos trabalhadores, designadamente com medidas que aumentaram a precariedade e o desemprego.
Na actual legislatura, em diversas questões, o PSD e o CDS-PP juntaram-se ao Governo do PS para a aprovação de medidas, como as recentes alterações que agravaram a legislação laboral, ou a injecção de dinheiro público em bancos privados.
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