Unidades do Exército sírio entraram hoje num grande número de aldeias e vilas na província de Raqqa, incluindo a cidade de Tabqa e a sua base aérea, ocupada por forças militares dos EUA em 2016, revelou a imprensa estatal síria.
A chegada dos militares sírios – que também assumiram o controlo da estratégica barragem de al-Baath, no rio Eufrates – a Taqba e Ain Issa, foi transmitida em directo pelo canal de TV sírio Ikhbariya. Ambas as localidades estiveram sete anos sob controlo de forças terroristas e, depois, de milícias curdas, lembra a Prensa Latina.
Antes, o canal sírio revelou que «unidades das Forças Armadas avançaram para norte e entraram na localidade de Tal Tamr, na província de Hasaka», para «enfrentar a agressão turca».
Tal Tamr fica localizada cerca de 35 quilómetros a sudeste de Ras al-Ain – actualmente sob controlo das forças turcas –, junto a uma auto-estrada importante e estratégica no Norte da Síria, a M4, que liga Alepo ao extremo Nordeste da Síria, junto à fronteira com o Iraque.
Ao longo das estradas e à entrada das localidades, centenas de civis concentraram-se, com flores e bandeiras nacionais sírias nas mãos, para dar as boas-vindas às tropas de Damasco. Nas cidades de Qamishli e Hasaka, foram içadas bandeiras da República Árabe da Síria em escolas e edifícios do Estado, refere a SANA.
Acordo mediado pela Rússia
De acordo com várias fontes, este avanço das tropas de Damasco para uma região até agora sob controlo das milícias curdas das chamadas Forças Democráticas Sírias (FDS), em conjunto com os alidos norte-americanos, resulta de um acordo alcançado ontem, com mediação da Rússia, entre o governo sírio e as milícias curdas.
Com o acordo, que as FDS procuraram evitar até à última hora (no sábado ainda apelaram à «obrigação moral» dos EUA de as proteger), os curdos asseguram uma outra aliança que evita a passagem do rolo compressor turco e seus aliados terroristas de diversas bandas.
Recorde-se que, na passada quarta-feira, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, decretou o início da operação «Fonte de Paz», com a qual Ancara diz querer atingir as Unidades de Protecção Popular (YPG) curdas, que dominam as FDS e são vistas como um prolongamento em território sírio do braço armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), igualmente considerado terrorista pela Turquia.
De acordo com a Prensa Latina – sem outra confirmação –, o acordo mediado pela Rússia prevê que as milícias curdas deixem de se chamar Forças Democráticas Sírias e que «se filiem na quinta legião do Exército sírio».
Entretanto, já esta tarde, Aritz Saidi Olaortua, especialista em questões do Médio Oriente e habitual comentador da TeleSur e da HispanTV, deu conta de embates entre o Exército Árabe Sírio e as tropas turcas, apoiadas pelos seus chamados «rebeldes moderados» (da Al-Qaeda), tanto na auto-estrada M4 como na cidade de Manbij (província de Alepo). Referiu ainda, na sua conta de Twitter, que tropas dos EUA estão a bloquear a entrada das forças de Damasco em Kobane/Ain al-Arab.
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