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Medidas do Governo só têm efeito se «o trabalho também for valorizado»

Os sindicatos dos trabalhadores da CP voltaram a mostrar-se insatisfeitos com os salários praticados. Apelam à valorização do sector e admitem avançar com a luta se as reivindicações não forem atendidas.

CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

Uma delegação de sindicatos dos ferroviários da CP esteve reunida ontem, em Lisboa, com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, após um pedido remetido à tutela, que se comprometeu, segundo os sindicatos, a analisar o processo.

«Na sequência do processo negocial da CP, da revisão do acordo da empresa e da regulamentação das carreiras e face a um bloqueio que se verificou nas últimas reuniões, solicitámos uma reunião ao senhor ministro», afirmou o coordenador da Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) aos jornalistas, no final do encontro.

De acordo com José Manuel Oliveira, o encontro teve o intuito de demonstrar ao Governo que as medidas que estão a ser levadas a cabo para valorizar o sector só terão efeito se o «trabalho for também valorizado».

Para o sindicalista, é necessário valorizar a remuneração destes trabalhadores, sobretudo, tendo em conta a subida do salário mínimo na última década.

«De 2009 até ao momento, o salário mínimo nacional teve um aumento de 185 euros e os trabalhadores da CP tiveram um aumento de 36 euros. Não faz sentido que o salário mínimo nacional cresça e nivele todos os outros salários por esse valor», vincou.


Segundo o coordenador da Fectrans, a reunião, que durou cerca de duas horas, terminou com o compromisso do Governo de analisar as questões levantadas pelos sindicatos e de «retomar o processo num contexto que possibilite uma evolução rápida da negociação».

Sindicatos e Governo voltam a sentar-se à mesa no dia 28 de Novembro. «Vamos ver se na próxima reunião há alguma evolução. O ministro foi rápido a responder [ao pedido inicial de reunião], o que pode ser entendido com alguma vontade de resolver o problema, mas agora precisamos de dados concretos», concluiu José Manuel Oliveira, não excluindo a possibilidade de os trabalhadores avançarem com formas de luta, que não especificou, na ausência de respostas que valorizem o sector.

Na semana passada, mais de dez organizações sindicais emitiram uma declaração conjunta, publicada na página na internet da Fectrans, relativamente ao processo de negociação com a CP, na qual classificavam as propostas de actualização salarial, apresentadas pela administração da empresa, como insuficientes e «geradoras de distorções entre as diversas categorias profissionais».

Com agência Lusa

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