Marta Valdés, porta-voz da Coordenadora de Vítimas de Traumas Oculares, recentemente criada, afirmou em declarações à imprensa que o seu propósito é «fazer justiça», que «os provocadores destas graves lesões não fiquem impunes», e, neste sentido, a queixa visa o «máximo responsável, que é Piñera», indica a Prensa Latina.
Os membros da organização, integrada por pessoas com traumas oculares e seus familiares, manifestaram-se esta quinta-feira frente ao Palácio de La Moneda, em Santiago, para exigir o fim da repressão policial sobre os manifestantes e da prática policial de atacar as pessoas disparando chumbos ou bombas de gás lacrimogéneo directamente às suas caras. «Justiça, verdade, não à impunidade», gritaram as dezenas de pessoas ali concentradas, refere a RT.
Valdés, cujo filho foi atingido no olho esquerdo com uma bomba de gás lacrimogéneo, disse que, apesar de exigirem há semanas o fim da utilização de chumbos, «continuam a ser utilizados os mesmos métodos», e criticou o presidente Piñera por «apelar a uma maior repressão de cada vez que faz que algum anúncio».
232 pessoas com lesões oculares
No mais recente relatório do Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) chileno, refere-se que 232 pessoas sofreram feridas oculares desde o dia 18 de Outubro, no âmbito das grandes manifestações de protesto contra o modelo económico neoliberal no Chile.
O mesmo organismo apresentou há dois dias uma queixa por homicídio frustrado contra os Carabineiros na sequência do lançamento de uma bomba de gás lacrimogéneo contra Fabiola Campillai, que ficou totalmente cega.
Campillani é o segundo caso de uma pessoa que perde por completo a vista por causa dos disparos da Polícia neste contexto, depois de o mesmo ter ocorrido com o fotógrafo e estudante universitário Gustavo Gatica, de 21 anos, que foi atingido com chumbos no rosto.
No documento, datado de dia 25 de Novembro, o INDH precisa que interpôs 499 acções judiciais contra a Polícia – sobretudo contra os Carabineiros – no contexto das mobilizações. Destas, 14 dizem respeito a lesões, seis a homicídios, 79 a violência sexual e 369 a torturas.
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