Este número, revelado pelo diário Haaretz com base em fontes oficiais israelitas, refere-se a casos registados este ano. Muitas outras acções de colonos judeus, que atacam e aterrorizam a população civil palestiniana nos territórios ocupados, «ficaram por documentar», destaca num comunicado, hoje emitido, o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros.
Fontes isrealitas contactadas pelo Haaretz afirmaram que houve uma diminuição do número de incidentes violentos relativamente 2018, tendo-se registado, no entanto, um ascenso contínuo dos chamados ataques de «price tag» («etiqueta de preço»), que consistem em vandalizar bens de palestinianos ou pintar graffiti com inscrições de ódio, refere o MPPM no seu portal.
Este aumento, associado à maior «gravidade da violência» e à maior «audácia dos responsáveis», faz lembrar a atmosfera que precedeu o fogo posto por colonos israelitas na aldeia de Duma (Cisjordânia ocupada), em Julho de 2015, em que perderam a vida três membros da família Dawabsheh, incluindo um bebé de 18 meses. Nesse ataque, o único sobrevivente foi o filho mais velho, Ahmed, de quatro anos.
Um ataque perpetrado recentemente, lembra o MPPM, foi o que ocorreu no bairro de Shoafat, em Jerusalém Oriental ocupada, em que 160 carros apareceram com os pneus furados. «Os veículos foram vandalizados em cinco zonas diferentes, o que implica um grande número de participantes e muito de tempo para perpetrar o crime», explica o organismo solidário português, acrescentando que, em Novembro, diversos carros foram cobertos de inscrições e incendiados em quatro aldeias palestinianas.
Os ataques à população palestiniana incluem o corte e a queima de árvores, a apreensão de terras à força, o corte de pneus, acções violentas contra as casas com o propósito de ferir os seus ocupantes, vandalismo de estruturas e equipamentos, destruição de sistemas de água e de estradas, lançamento de pedras contra carros que circulam nas estradas da Margem Ocidental perto dos colonatos, disparos contra pessoas, sobretudo nos pontos de controlo (checkpoints) e com os mais «fracos» pretextos, entre muitas outras coisas, refere o comunicado hoje emitido pelas autoridades palestinianas e citado pela agência Wafa.
Conivência das forças israelitas e impunidade
Dos 256 incidentes violentos documentados em 2019 pelo Haaretz, cerca de 200 dizem respeito ao arranque de árvores e a outros ataques não letais, e um quarto dos ataques foram realizados por elementos do colonato de Yitzhar, que é descrito como «o coração pulsante da extrema direita».
O MPPM sublinha que «os colonos atacantes sabem que não têm razões para se preocupar», sendo que muitos dos ataques contra «propriedades agrícolas palestinianas, nomeadamente olivais, são realizados sob os olhos de soldados israelitas, que defendem os atacantes e reprimem os palestinianos que tentam proteger os seus bens».
Nos raros casos em que são alvo de uma acção judicial, os judeus que vivem nos colonatos ilegais são julgados ao abrigo do direito israelita. Já os palestinianos, presos às centenas e mortos a tiro ao mínimo pretexto, são acusados de terrorismo e vivem sob a alçada do regime militar israelita em vigor desde a ocupação da Cisjordânia, em 1967.
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