Buzinarem e mostrarem os seus dísticos de TVDE (transporte individual e remunerado de passageiros em veículos descaracterizados a partir de plataforma electrónica) foi a forma de «serem ouvidos» pelos responsáveis da Uber em Portugal.
O protesto dos motoristas da Uber começou com uma concentração, por volta das 10h, no jardim junto ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, de onde saíram hora e meia depois para iniciarem uma marcha de protesto.
Esta acção foi organizada através das redes sociais depois de os motoristas terem recebido, no final da semana passada, uma mensagem por parte da plataforma electrónica que dizia: «Novos preços, maior rentabilidade».
«Aquilo que parecia ser uma boa notícia veio, no entanto, a confirmar-se que não era nada de bom», disse a motorista Maria Gomes à Lusa. «Em três anos e meio as coisas mudaram bastante. O modelo de negócio criado não dá para individuais», acrescentou.
Essa decisão da empresa deu também origem a uma petição online, lançada na sexta-feira, e que até esta manhã tinha recolhido 2005 assinaturas. Os signatários pedem a intervenção do Presidente da República, do Governo, dos deputados e dos partidos com assento parlamentar contra os «constantes atropelos» à lei para o sector da actividade de TVDE.
Entre os incumprimentos, criticam os preços das tarifas praticadas, estabelecidos pela empresa, que «altera os valores (sempre baixando os preços) sem preocupação com a remuneração de cada parceiro/motorista», tornando «insuportável os valores inerentes» à actividade.
Para o motorista Marcos Pais, a solução dos problemas passaria por uma alteração na lei e «fixar um valor certo por viagem», de forma a «não haver a possibilidade de as empresas fazerem dumping». «Trata-se de uma guerra que não tem fim, é uma exploração completa», reconheceu.
Entre as várias questões apresentadas, a maioria dos motoristas queixa-se do valor dos seguros automóveis, que rondam os 2000 a 2500 euros anuais, excluindo algumas cláusulas, nomeadamente a do veículo de substituição.
«Actualmente os custos e ganhos não equilibram», contou Maria Gomes, reconhecendo que se sente a trabalhar «à força» e que tem colegas que não podem «sequer pensar em desistir devido ao investimento que fizeram».
A Uber Portugal alega que criou um programa de «incentivos personalizados» para compensar os motoristas pela descida dos preços do serviço, uma tentativa de assegurar a «transição suave» para o novo tarifário. Este apoio, em vigor até Fevereiro, assegura que os motoristas podem obter o mesmo rendimento médio dos últimos meses, mediante algumas condições que variam de motorista para motorista. Ao que o ECO apurou, em alguns casos, poderão ter de trabalhar 75 horas numa semana, para poderem aceder ao bónus.
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