Após decisão da empresa de não aumentar salários nem responder às reivindicações para 2020, salvo o subsídio de frio (que ainda assim não abrange todos os funcionários), os trabalhadores resolveram partir para a greve no último dia do ano fiscal da empresa (29 de Fevereiro).
A loja do Lidl de Silves, no Algarve, está encerrada. As restantes mantêm-se abertas, mas o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços de Portugal (CESP/ CGTP-IN), Ricardo Santos, constatou ao AbrilAbril que há vários trabalhadores a aderir à greve. Nalguns casos, revela, «houve turnos completos, da manhã ou da tarde, em que os trabalhadores não foram trabalhar».
Relativamente aos entrepostos, Ricardo Santos revela que a adesão à greve foi de 70% no de Ribeirão (Vila Nova de Famalicão), entre 70 a 80% no da Marateca (distrito de Setúbal), e de 60% no de Torres Novas (Santarém).
Os trabalhadores não aceitam que a empresa se abstenha de responder ao caderno reivindicativo, que o sindicato tentou discutir em Dezembro, e se tenha limitado a avançar com o subsídio de frio de forma discriminatória.
«Exigíamos [a atribuição do subsídio] para todos os trabalhadores, a começar pelos entrepostos, dos congelados e dos frescos. Mas só deram aos dos congelados», critica o dirigente do CESP.
Ricardo Santos afirma que os trabalhadores «ficaram muito, muito descontentes», e que a luta pelo aumento dos salários, em 90 euros mensais; pela reposição dos três escalões remuneratórios a todos os trabalhadores e pagamento dos retroactivos aos que foram penalizados com a criação de um quarto escalão; ou pelo fim da repressão, perseguição e chantagem vai continuar.
Lidl só quer part-time
A preferência por postos de trabalho a tempo inteiro ou aumentos de carga horária semanal para os contratados em part-time são outras questões defendidas pelos trabalhadores, que assim poderiam levar mais dinheiro para casa.
«Os valores que a empresa anuncia na comunicação social só seriam praticados se tivesse trabalhadores a tempo inteiro», denuncia Ricardo Santos. Revela que a maioria está em regime de part-time, com cargas horárias semanais de 20 a 24 horas, o que resulta, «no máximo dos máximos, em salários de 400 euros para muitos trabalhadores», após descontos legais.
«E esta é a realidade dos trabalhadores do Lidl, não é a que a empresa apresenta quando diz que paga 670, 790 e 820 euros. Pagaria se houvesse trabalhadores a tempo inteiro», sublinha o dirigente.
Além de a empresa «só querer contratar a part-time», dificulta a vida a quem quer arranjar um segundo trabalho, denuncia o sindicato. «O Lidl diz que não impede ninguém de arranjar um segundo trabalho, mas quando as pessoas arranjam para conseguir ter mais algum dinheiro ao fim do mês, dificulta a organização do horário do trabalhador em muitos locais», afirma Ricardo Santos.
«Exigimos pôr cobro a isto, bem como à política dos baixos salários e dos horários desregulados. Os trabalhadores estão a ficar cansados e exigem que o Lidl se sente à mesa com os representantes sindicais», conclui.
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