«Uma das nossas exigências será a reposição imediata de todas as carreiras que foram cortadas», afirmou à Lusa, Luísa Ramos, da Comissão de Utentes da Margem Sul, lamentando que no início do estado de emergência a Transportes Sul do Tejo (TST) tenha entrado em lay-off.
Com a decisão, a TST colocou 545 dos seus 1040 colaboradores naquele regime, suspendendo as carreiras com ligação a Lisboa, desde o início de Abril, apresentando o transporte fluvial no Tejo, operado pela Transtejo e Soflusa, como uma alternativa às carreiras suprimidas.
«Há uma necessidade de haver uma imposição, pois trata-se de uma empresa privada concessionada para o transporte público. Não pode ser ela unilateralmente a diminuir e cortar a oferta», alertou Luísa Ramos, recordando o que se passou no início do surto epidémico de Covid-19.
As populações, acrescentou, deixaram de ter alternativa rodoviária nas deslocações para Lisboa, exigindo que as mesmas sejam retomadas depois de 2 de Maio, «nem que seja uma reposição por fases».
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão a Lisboa, enquanto a Soflusa garante a travessia entre o Barreiro e o Terreiro do Paço (Lisboa).
Também Nuno Catarino, da Comissão de Utentes do Cais do Seixalinho, considera que o levantamento gradual de restrições vai levar a «maior movimento de utentes», o que «poderá implicar, nas horas de ponta, um reforço das embarcações».
«Em termos de lotação não poderá haver pessoas sentadas ao lado umas das outras. Nas últimas semanas, a lotação é muito inferior ao normal», reconheceu.
No entanto, afirma que se notou «um pequeno aumento quando terminaram as ligações entre Montijo e Lisboa», já que as pessoas que usavam os autocarros passaram a usar o barco.
Agora, alerta Nuno Catarino, a empresa terá de estar preparada para os níveis de afluência, tendo em conta o distanciamento que terá de existir entre os passageiros.
«A lotação máxima dos navios é controlada pelos torniquetes. Duas cadeiras de intervalo para manter o distanciamento deverá ser uma das medidas, pelo que a lotação máxima também vai mudar e deverá ter em conta essa alteração», explicou.
O responsável adiantou ainda que uma das preocupações passa também pelas «desinfecções em períodos aceitáveis das embarcações», acrescentando que a comissão de utentes tem canais «para se manter em cima dos acontecimentos» e que irá estar atenta.
Já Cecília Sales, da Comissão de Utentes dos Transportes Públicos de Lisboa, mostrou-se igualmente preocupada com o número de trabalhadores, sobretudo do Metropolitano de Lisboa, que possam assegurar a limpeza das carruagens, dos obliteradores e das estações.
«Actualmente, há menos autocarros e camionetas a circular, assim como o Metro, por isso também assistimos, algumas vezes, a uma aglomeração nos transportes a determinadas horas», alertou.
Cecília Sales considerou essencial que sejam colocadas à disposição dos utentes «mais carruagens e mais autocarros», de forma a permitir que os utentes circulem em segurança e com o distanciamento que vier a ser determinado.
«As frotas têm de ser aumentadas, renovadas. Há que ter alguma esperança por parte das empresas de transporte que vão fazer tudo o que vier a ser determinado, senão o medo instala-se», reconheceu.
Recorde-se que também as comissões de utentes dos transportes públicos de Sacavém, Camarate, Unhos e Apelação alertaram para o facto de a entrada em lay-off da Rodoviária de Lisboa, além da ameaça para a saúde dos passageiros, ter levado à «redução para níveis mínimos de prestação de serviço, a uma enorme redução de percursos e horários, à multiplicação das necessidades de transbordo e à criação de situações de sobrelotação das viaturas e de disrupção nos percursos diários de muitos milhares de trabalhadores».
As comissões de utentes entendem como adequada a reintrodução de mecanismos de validação e fiscalização, mas exigem que a mesma seja acompanhada de uma normalização dos serviços prestados aos utentes, nomeadamente de protecção e precaução no que respeita à saúde pública.
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