«A República Árabe da Síria condena da forma mais veemente a decisão de Berlim de incluir o Hezbollah na lista negra», disse um representante do Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros à agência SANA esta quinta-feira.
As declarações foram feitas depois de, nesse dia, o ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, ter proibido a actividade daquilo que designou como «organização terrorista xiita» Hezbollah no país europeu e ter ordenado várias operações policiais contra locais alegadamente ligados ao movimento de resistência.
A medida é uma «medalha de honra», uma vez que «efectivamente reconhece o papel destacado do Hezbollah» ao afrontar «os esquemas sionistas e ocidentais na região», disse ainda à SANA o representante da diplomacia síria, sublinhando que a decisão evidencia «a submissão da Alemanha ao "sionismo mundial"».
A «proibição» do Hezbollah era exigida por Israel e pelos Estados Unidos. Em Dezembro último, o Parlamento alemão aprovou uma moção em que instava o governo da chanceler Angela Merkel a banir quaisquer actividades do Hezbollah em território alemão.
Antes, o Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, tinha afirmado numa viagem à Alemanha que esperava que o país seguisse as passadas do Reino Unido – havia ilegalizado o movimento de resistência libanês em Fevereiro.
«A Alemanha adere cegamente às maquinações destrutivas de EUA e Israel»
O governo iemenita e o movimento popular Huti Ansarullah também classificaram a medida de Berlim como um sinal da sua «submissão a Washington e Telavive», informa a PressTV.
O Ministério da Informação do Iémen referiu-se à decisão como «injusta» e «alinhada» com os objectivos dos EUA e Israel. Por seu lado, a comissão política do Ansarullah emitiu um comunicado em que acusa a «Alemanha de aceder à vontade de norte-americanos e israelitas ao normalizar o sionismo e opor-se às nações livres que procuram resistir à tirania e arrogância globais».
Há mais de cinco anos que o Ansarullah faz frente à guerra de agressão que a coligação liderada pelos sauditas lançou contra o povo iemenita – com forte apoio ocidental, incluindo o da Alemanha, cujas empresas de armamento lucraram milhares de milhões em vendas ao valioso parceiro saudita. O movimento popular reafirmou o apoio ao Hezbollah e instou os países árabes e muçulmanos a repudiarem a decisão de Berlim.
Irão condena decisão alemã de «absoluta imprudência»
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Abbas Mousavi, disse que, «ao que parece, os países europeus tomam posições sem ter em conta as realidades da região da Ásia Ocidental e apoiam-se na máquina propagandística do regime sionista e do confuso governo norte-americano».
A «decisão alemã não respeita o governo e o Líbano, pois o Hezbollah faz parte do executivo e do Parlamento» desse país, afirmou Mousavi, que acusou o governo da Alemanha de mostrar uma «total imprudência» ao ir contra «uma força-chave na luta contra o grupo terrorista Daesh», refere a Prensa Latina.
O Hezbollah integra o conjunto de forças aliadas que, na Síria, combateram o terrorismo alimentado ao longo da guerra de agressão imperialista pelos EUA, as potências ocidentais, as petro-ditaduras do Golfo, a Turquia e Israel.
Logo na quinta-feira, o ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, louvou efusivamente a decisão alemã, que classificou como «muito importante», insistindo na necessidade de os outros países da UE fazerem o mesmo.
O movimento de resistência libanês goza de grande prestígio – e popularidade – no mundo árabe e fora dele, entre outros aspectos, pelo papel decisivo que teve na luta contra o terrorismo na Síria e no Médio Oriente, e por ter expulsado o todo poderoso Exército israelita do Sul do Líbano, em 2006.
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