A afirmação, que podia ser polémica se não viesse do responsável de um partido que, desde a Revolução dos Cravos, mais não tem feito do que acertar contas com Abril e desbaratar o valor do trabalho, tentando destruí-lo, confirma o que vale para o PSD o mundo dos que trabalham e dos milhares que agora não têm o que pôr na mesa para alimentar os seus filhos.
«Não vinha mal ao mundo» do PSD que se omitisse o agravamento da exploração, da precariedade, dos lay-off e despedimentos, cujo caudal engrossa cada vez mais, em nome de uma normalidade bafienta, que insiste em penalizar os que produzem riqueza mas ficam arredados dela.
«Não vinha mal ao mundo» se se esquecesse que cerca de metade dos mais de 300 mil inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) não recebem qualquer subsídio. E foram quase 100 mil as pessoas infectadas pelo corte nos rendimentos que desde o início de Março e até 4 de Maio pediram apoios.
Tal como «não vem mal ao mundo» que, diariamente, milhares de pessoas tenham que usar transportes públicos à pinha para irem trabalhar e, aí sim, estejam sujeitos ao perigo do contágio.
Este não foi o 1.º de Maio que milhares de trabalhadores estariam disponíveis para repetir, não apenas em Lisboa, mas no resto do País. Ainda assim, o que aborrece David Justino (e outros tantos como ele) não foi o «mau exemplo» perante os que se encontravam salvaguardados em casa.
O que incomoda certos sectores, de que o PSD faz parte, é a resistência. Resistência por parte de quem não aceita a desigualdade, os baixos salários, a exploração ou a precariedade, geralmente apresentada como se fosse o paradigma dos tempos modernos e não houvesse alternativa.
O que verdadeiramente os molesta é a vontade de sair à rua dos que não aceitam que sejam os mesmos de sempre a pagar a factura...
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