«Nestes dias, evocamos a Nakba [catástrofe], o roubo da terra palestiniana e a expulsão do povo palestiniano. Em simultâneo, celebramos, afirmamos e prometemos continuar os mais de 72 anos de resistência palestiniana pela libertação e pelo regresso», afirma no seu portal a Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos), ao instar organizações, activistas e movimentos a juntarem-se-lhe na Semana de Luta Palestiniana.
No site, é possível verificar as iniciativas já agendadas (on-line ou na rua) e entrar em contacto com o organismo solidário tanto para anunciar uma actividade como para declarar o apoio à Semana e, desse modo, manifestar o apoio ao povo palestiniano na sua «luta contra o sionismo, o imperialismo e a reacção».
Uma longa luta de resistência
No texto de apresentação da Semana, a Samidoun sublinha que o movimento popular palestiniano assinala, há décadas, o dia 15 de Maio [Dia da Nakba] e a semana seguinte como «uma semana de solidariedade, resistência e luta». Trata-se de assinalar «a luta palestiniana, árabe e internacional pela justiça e libertação». «Tal como a Nakba continua, a resistência persiste!», frisa.
O texto lembra que a projecto sionista de limpeza étnica não começou a 15 de Maio de 1948 – então, essa «missão» já tinha sido alcançada em 78% da Palestina histórica, depois de ter sido lançada em Dezembro de 1947 e depois de décadas de escalada militar, de colonialismo europeu na região e, em particular, após o mandato britânico e a Declaração Balfour.
Segundo a Samidoun, há hoje mais de sete milhões de refugiados palestinianos e mais de 13 milhões no exílio e na diáspora. «A implementação do direito de retorno», como direito colectivo e individual, «está no cerne da libertação da Palestina» e, em anos recentes, tem sido cada vez mais atacado, «culminando no chamado "Acordo do Século"».
Luta anti-imperialista
A Semana de Luta Palestiniana irá também espelhar a dimensão anti-imperialista da luta pela libertação da Palestina, denunciando a tentativa de imposição do «Acordo do Século» pelos EUA, bem como as medidas repressivas a que as potências imperialistas estão a recorrer para condicionar a luta dos palestinianos dentro das suas fronteiras, nomeadamente nos EUA, na Alemanha ou em França.
Os promotores dão particular ênfase ao bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza – pelo qual responsabilizam também os EUA, os países europeus e os «regimes árabes reaccionários» –, sublinhando a necessidade de pôr fim às sanções imperialistas no mundo.
Em simultâneo, a Samidoun lembra que Israel «não é a única colónia de colonos racistas erigida sobre a expulsão de povos originários e a extracção dos seus recursos», e afirma a sua defesa de «todos os povos oprimidos e movimentos indígenas que defendem as suas terras do capitalismo colonianista».
Estudantes, mulheres, presos, trabalhadores... na linha da frente
Desafiando qualquer tentativa de «normalizar o colonialismo», a Samidoun afirma o direito inalienável do povo palestiniano «a resistir à ocupação e à opressão». A juventude e os estudantes têm estado sempre na linha da frente da resistência, geração após geração, neste caminho de 72 anos, salienta o organismo solidário.
Do mesmo modo, são destacadas as mulheres, que «têm defendido a terra, educado gerações de lutadores e participado inteiramente na liderança da luta», ao nível da organização política e da luta popular e armada.
Também os operários e o campesinato têm «lutado para defender a sua terra e resistir à exploração e à opressão sob todas as formas», afirma a Samidoun, sublinhando os sacrifícios a que os trabalhadores têm sido sujeitos na Palestina e destacando o papel das camadas populares na liderança do movimento revolucionário de libertação.
Os presos palestinianos – que foram sempre um recurso do projecto colonialista na Palestina para manter a ocupação, o apartheid e a opressão – não são esquecidos no texto e não o serão nesta Semana, pois «os palestinianos atrás das grades continuam a estar no coração da resistência».
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