Os trabalhadores do Hotel Beta, no Porto, concentraram-se na tarde de sexta-feira à porta daquela unidade de quatro estrelas da capital nortenha, que há três meses os deixou sem salários, para denunciar publicamente a situação em que se encontram e exigir uma solução para a mesma.
Desde Março que a empresa não paga salários aos seus 22 trabalhadores, alerta o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte (Sindicato de Hotelaria do Norte/CGTP-IN).
O atraso no pagamento do salários é «uma situação completamente incompreensível», segundo Francisco Figueiredo, dirigente do Sindicato de Hotelaria do Norte. «O hotel sempre ocupou muito bem», declarou a Lusa, «tem uma ocupação de 80%, 90% durante grande parte do ano».
Os trabalhadores «estão numa situação muito difícil», adianta Francisco Figueiredo, que explicou terem os trabalhadores sido obrigados a suspender os contratos de trabalho, para sobreviverem enquanto aguardam que o hotel reabra.
De acordo com a lei, explica o sindicalista, os trabalhadores com salários em atraso têm direito a suspender o contrato e «e passam a receber um subsídio equivalente ao subsídio de desemprego».
A pandemia tem as costas largas
As consequências económicas das medidas restritivas tomadas para conter a expansão da pandemia do novo coronavírus não justificam tudo – muito menos tudo o que se passa no Hotel Beta.
Desde 2018 que o Sindicato de Hotelaria do Norte denunciava a unidade hoteleira por insistir em pagar os salários com atrasos, apesar de ter um excelente registo de ocupação ao longo do ano, e por outras irregularidades. No final de Abril de 2019, com a casa cheia devido à Páscoa, os salários de Março continuavam por pagar.
Este ano, no final de Abril, com a pandemia em curso, a administração informou que não pagava o salário atrasado de Março nem pagaria o de Abril e que tinha requerido o lay-off, aguardando resposta da Segurança Social. Ao sindicato, os trabalhadores acusaram a administração da empresa de gastar dinheiro «em grandes banquetes, dormidas e passeios para os amigos», em vez de assumir as suas responsabilidades contratuais.
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