|Festa do Avante

«Queriam calar-nos. Não o conseguiram!»

No comício de encerramento, Jerónimo de Sousa sublinhou a realização da Festa, «num quadro de inusitada hostilidade dos grandes interesses económicos e das forças mais reaccionárias e conservadoras».

Comício de encerramento da 44.ª Festa do Avante, Seixal, 6 de Setembro de 2020.
CréditosPaulo António / AbrilAbril

O secretário-geral do PCP, no seu discurso, não esqueceu o que designou por «uma insidiosa campanha, utilizando poderosos recursos mediáticos e de intoxicação da opinião pública», que procurou inviabilizar a realização da Festa do Avante!. «Sim, fizemos a Festa pelos mesmos motivos que antes nos levaram a firmar o nosso desacordo com soluções que impunham limitações ao exercício das liberdades e da acção colectiva laboral e cívica, quando muitos milhares eram, no silêncio e no confinamento, vítimas do arbítrio do grande capital», acrescentou.

Num comício atípico, num vasto espaço, repleto, marcado pelo distanciamento, no quadro das regras sanitárias, o líder comunista afirmou que «não estamos aqui apenas para escutar a palavra das intervenções», mas sim «para reafirmar que não abandonaremos a linha da frente do combate por melhores condições de vida para o nosso povo, pelo seu direito à saúde, à educação, à segurança social, à habitação e à mobilidade».

«Sim, fizemos a Festa pelos mesmos motivos que antes nos levaram a firmar o nosso desacordo com soluções que impunham limitações ao exercício das liberdades e da acção colectiva laboral e cívica, quando muitos milhares eram, no silêncio e no confinamento, vítimas do arbítrio do grande capital»

Jerónimo de sousa

Jerónimo de Sousa pautou a sua intervenção na defesa dos milhares de trabalhadores despedidos neste período e das «centenas de milhar viram os seus salários reduzidos, designadamente os que estiveram em lay-off», não esquecendo os «muitos milhares que viram atacados os seus direitos a férias, a horários estáveis, a componentes variáveis das remunerações como os subsídios de refeição, revelando os desequilíbrios existentes nas relações laborais que agora se agravaram».

«Às primeiras dificuldades, o capital procurou atirar para cima dos trabalhadores e do Orçamento do Estado os custos que são seus», afirmou o secretário-geral do partido, destacando que os «micro, pequenos e médios empresários foram forçados a suspender os seus negócios e viram as suas actividades postas em causa».

Jerónimo de Sousa criticou ainda os que, para «iludir responsabilidades próprias e eternizar as políticas de desastre do passado», querem «fazer crer que passada esta, tudo vai ficar bem, como se estivesse antes tudo bem e o futuro do País e do seu desenvolvimento garantido. As causas dos nossos atrasos, das debilidades económicas e das profundas desigualdades não são de hoje, encontramo-las em décadas de política de direita executada por sucessivos governos de PS, PSD e CDS, que privatizaram sectores estratégicos a favor dos monopólios, destruíram capacidade produtiva, reduziram o investimento público, fragilizaram serviços públicos essenciais».

As causas estão «na política de submissão do poder político ao poder económico e dirigida à concentração e centralização da riqueza, que fechou os olhos à corrupção que as privatizações alimentaram e que tem no exemplo do BES a matriz, o modelo, dessa política da submissão e da traficância e que hoje continua». Uma política que «afogou o trabalho em impostos e aliviou o grande capital» e que «nunca faltou com dinheiro e facilidades» para os grandes grupos económicos e a banca.

«O PCP não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida»

jerónimo de sousa

O secretário-geral do PCP chamou ainda a atenção para o Programa de Estabilização Económica e Social Portugal e para «as políticas que se avançam ou estão em curso», acusando-as de não darem «resposta aos problemas do presente, nem aos problemas do futuro do País».

A propósito da discussão em torno do próximo Orçamento do Estado, o líder do PCP sublinhou que o seu partido estará à «altura das suas responsabilidades, do seu papel e dos seus compromissos com os interesses dos trabalhadores e do povo» e que não valerá a pena «apressarem-se, outros, a sentenciar que o PCP não conta, está de fora das soluções de que o País precisa».

«O PCP não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida. É no concreto e não em meras palavras de intenções que tem de assentar a avaliação do que precisa ser feito», acrescentou, revelando também que, no regresso da actividade parlamentar, os comunistas avançarão «com um conjunto de propostas» para responder «aos graves problemas que atingem a vida dos trabalhadores e do povo».

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