O acordo de colaboração, assinado esta manhã na Fundação José Saramago (FJS), traduz um projecto comum que, nas palavras do presidente da Câmara Municipal de Loures, trará a todos mais benefícios do que acções isoladas sobre o mesmo tema.
Numa conversa com o AbrilAbril, Bernardino Soares frisa que o Município, onde a Biblioteca José Saramago comemorou recentemente o seu 19.º aniversário, «deu sempre uma especial atenção» à obra do Nobel português da Literatura, que hoje faria 98 anos. Concretamente sobre a Rota Memorial do Convento, assume que ela representa uma oportunidade.
«Vimos neste projecto a oportunidade de potenciar o património cultural e arquitectónico mais directamente relacionado com a obra Memorial do Convento, em particular na zona norte do concelho», esclarece.
Questionado sobre como será estabelecida esta rota, Bernardino Soares avança que haverá uma programação cultural anual, bem como eventos de carácter científico, com projectos comuns ou a partir da FJS, com espaço igualmente para integrar iniciativas de cada município enquadradas na temática.
A rota, lançada em 2017, vai incluir também centros interpretativos e uma sinaléctica nos três concelhos que permita uma melhor identificação dos monumentos e outros equipamentos incluídos, com uma «forte divulgação» em diversos meios e acções dirigidas para diferentes públicos.
«O projecto vai dar uma grande visibilidade ao nosso património e equipamentos culturais», sustenta o edil. «Potenciará iniciativas que já fazemos, como a Feira Setecentista em Santo Antão do Tojal, que recria exactamente alguns dos acontecimentos referidos no Memorial do Convento, e dará igualmente, pela associação aos municípios de Lisboa e de Mafra e à FJS, um importante impulso ao turismo cultural no nosso concelho», acrescenta Bernardino Soares.
A Rota Memorial do Convento enquadra-se no Programa Operacional Regional de Lisboa 2014/2020, tendo tido um financiamento total de 392 397,20 euros, e é ao Município de Loures que cabe a contribuição mais elevada (179 592,69 euros).
«Demos prioridade a este projecto nas nossas candidaturas a fundos comunitários do Portugal 2020 e procurámos, de forma abrangente, alargar a rota a diversos pontos do concelho», afirma, salientando que, para o Município que lidera, o projecto é uma «importante alavanca para a promoção cultural do território e do seu património nesta área».
No âmbito deste protocolo foram já promovidas várias iniciativas, nomeadamente o Concerto para Reis no Ano Novo, a seis órgãos e coro, na Basílica de Mafra, em 2017, no âmbito das comemorações do terceiro centenário da colocação da primeira pedra, em 2017; a publicação do livro Órgãos Históricos (2017) e a Festa na Praça, realizada em Maio do ano passado, em Santo Antão do Tojal; o Congresso Internacional «Festas Barrocas entre o Sagrado e o Profano: a Europa e o Atlântico», em parceria com a Universidade Nova de Lisboa, que aconteceu em Loures, em Outubro do ano passado, o Congresso Internacional «José Saramago e o Memorial do Convento», em parceria com a FJS, que se realizou há um ano no Palácio Nacional de Mafra, e o Teatro com Saramago, pela companhia Andante, dirigido ao público escolar do concelho de Loures.
Esta foi a primeira vez em Portugal que um livro esteve na origem de uma rota cultural, abarcando três municípios. Entretanto, um outro romance de Saramago, Levantado do chão (1980), também já deu origem a uma outra rota, inaugurada em Fevereiro, numa iniciativa da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, em parceria com as juntas de freguesia do concelho e com as Câmaras de Lisboa e de Évora, além do Museu do Aljube, em Lisboa, e da FJS.
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